Crítica: Agente Stone

Heart of Stone, EUA, 2023



Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★★☆☆


Se realmente existe a categoria de “filmes para deixar passando”, então Agente Stone é uma adição de peso a esse subgênero. Esse genérico thriller de ação tem seus bons momentos e até algumas ideias interessantes, mas não há nada que o faça se sobressair diante das muitas produções similares. O filme não é uma completa catástrofe, mas é preciso estar com as expectativas muito bem ajustadas para ficar satisfeito com ele.

agente stone 1O roteiro até se esforça para se manter interessante, mas as várias reviravoltas que ele introduz não são o suficiente para superar a terrível previsibilidade da trama. O que a escrita consegue fazer com sucesso durante a maior parte do tempo é manter o filme em movimento, sem parar por tempo demais na mesma situação. Ainda assim, o espectador mais impaciente vai ter várias oportunidades para ficar conferindo quanto tempo ainda falta para o filme terminar.

Dentre as cenas de ação, a única que realmente tem algum nível de tensão e adrenalina é a perseguição na ruas de Lisboa. Porém, ela também é parcialmente prejudicada por um dos maiores percalços do filme: a atuação de Gal Gadot. Se em Alerta Vermelho ela não teve muitas oportunidades de se destacar, aqui ela é a grande protagonista, o que faz suas limitações ficarem muito mais evidentes.

Mesmo durante a grande perseguição, seu tom de voz e suas expressões faciais apresentam pouquíssimas variações. Isso prejudica qualquer senso de urgência que as cenas de ação estão tentando transmitir e evita a completa imersão do espectador nas situações mostradas. Mais que isso, essas limitações também prejudicam os momentos mais humorísticos e mais dramáticos, exigindo uma grande quantidade de boa vontade por parte do público.

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Para efeito comparativo, um dos grande destaques do recente Missão Impossível: Acerto de Contas é a atuação de Tom Cruise, que nos convence de que o super-agente Ethan Hunt se encontra em situações tão desesperadoras que nem ele sabe exatamente o que fazer. Isso ajuda a tornar a trama bem mais imprevisível e injeta ainda mais tensão nas cenas de ação. Esse fator também é importante em Agente Oculto, filme de ação que é parcialmente elevado pelo carisma de suas estrelas.

Já o fator tecnológico introduzido em Agente Stone é bem mais interessante do que a inteligência artificial introduzida em Acerto de Contas. O “Coração” no centro da trama é um computador quântico tão poderoso que, diante de uma interpretação determinística do universo, ele praticamente consegue prever o futuro. No filme, esse elemento tecnológico é tratado e utilizado apenas como uma arma, mas ele poderia ser explorado de formas que fariam a trama se aproximar muito mais de um Minority Report: A Nova Lei.

Mesmo com as ótimas atuações de Jamie Dornan e Alia Bhatt, Agente Stone está no mesmo nível de produções como Alerta Vermelho, Exército de Ladrões e As Agentes 355, quando poderia muito bem ter alcançado produções como Agente Oculto e The Old Guard. Mesmo com um roteiro superior, a produção ainda tropeçaria nas limitações de Gadot, que precisa subir o nível de suas atuações ou pelo menos se limitar a papéis nos quais suas habilidades dramáticas não representarão um problema.

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