Crítica: Guardiões da Galáxia

Guardians of the Galaxy, EUA, 2014



Opera espacial embalada por hits românticos dos anos 70 é o filme mais divertido do ano

★★★★☆


Guardiões da Galáxia poderia ser apenas mais uma aventura espacial cheia de explosões e tiradas engraçadas até a inevitável superação das dificuldades e derrocada do vilão, mas o filme vai um pouco além. Apesar dessa fórmula ser seguida à risca, o destaque aqui fica na ousada e sarcástica execução do projeto, além do ótimo desenvolvimento das personagens e das relações entre elas. No fim das contas, temos aqui uma verdadeira explosão de cultura pop, com referências a hits musicais e cinematográficos do passado, além da presença de vários objetos e personagens importantes no universo (cinematográfico ou não) da Marvel.

Não acho que valha a pena entrar nos detalhes das personagens ou mesmo da história, mas vou sim comentar alguns dos melhores elementos e momentos da trama, que dão um toque sarcástico/geek/nostálgico/cool único à essa produção.

Para começar, temos o líder da equipe, Peter Quill (Chris Pratt), cruzando o universo e explorando planetas abandonados ao som de um walkman com uma fita cassete de hits do rádio cuidadosamente selecionados. Se você já teve um walkman e já gastou tempo gravando fitas com seus hits favoritos (como eu), sabe qual é a vibe.

Quando Gamora (Zoe Saldana) não mostra muito interesse por seu “walkman” ou suas “músicas”, ele fala sobre a história do grande herói terráqueo que libertou as pessoas de uma pequena cidade de toda essa caretice, a lenda de Footloose. Mas o sarcasmo não está apenas nas falas, mas na própria composição do filme, com muitos momentos cômicos embalados por hits dos anos 70 e 80, de David Bowie à Marvin Gaye (coloquei uma pequena lista aqui). Pra completar, uma das principais características de Drax, O Destruidor (Dave Bautista) é que ele não entende metáforas, muito menos sarcasmo, e acaba sendo um dos principais elementos cômicos das cenas em que está.

guardiões da galáxiaOutro destaque de Guardiões da Galáxia é como a produção avança a mitologia do universo cinematográfico da Marvel. O filme gira em torno da busca de Ronan, O Acusador (Lee Pace), por um Orbe roubado por Quill nos primeiro momentos do filme. Ronan havia prometido o Orbe para Thanos (Josh Brolin), vilão que estava nos bastidores da ameaça combatida em Os Vingadores – The Avengers e, ao que tudo indica, será o vilão principal de Os Vingadores 3.

É em Guardiões da Galáxia que pela primeira vez vemos seu rosto e temos algumas cenas com sua participação. Em determinado momento, Quill se dirige ao Colecionador (Benicio Del Toro) com o objetivo de vender-lhe o Orbe. É aqui que finalmente as Joias do Infinito são explicadas ao público: o Colecionador revela que o Orbe contém uma dessas Joias e explica o poder que elas tem, especialmente quando estão todas reunidas.

É aí que a equipe percebe que não pode deixar o objeto cair nas mãos de Ronan ou de Thanos. Sabemos que o Colecionador já possui uma das Joias, o Éter, que os asgardianos deixaram com ele na cena pós-créditos de Thor: O Mundo Sombrio. Porém, dados os eventos que ocorrem durante Guardiões, não é possível ter certeza de que o Éter continua com ele. Pra quem não sabe, as outras Joias que já foram apresentadas foram o Tesseract (Capitão América – O Primeiro Vingador) e o cetro utilizado por Loki (Tom Hiddleston) em Os Vingadores – The Avengers. Além disso, vimos de relance em Thor a Manopla do Infinito, objeto no qual as Joias do Infinito podem ser reunidas para dar a seu portador poderes divinos.

Todos esses e outros detalhes fazem de Guardiões da Galáxia um prato cheio para quem vem acompanhando essa mitologia, mas não atrapalham a diversão de quem apenas quer ver uma divertidíssima opera espacial com muita ação, ótimos efeitos especiais e ótimas piadas. O filme funciona tão bem justamente por não se levar muito a sério, com direito à um inadequado momento de dança durante o clímax da ação. Além disso, o roteiro é muito bem amarrado e desenvolve bem mesmo personagens como o guaxinim falante Rocket (Bradley Cooper) e o homem-árvore Groot (Vin Diesel). Surpreendentemente, esse é um dos melhores filmes do universo Marvel e vale a pena ser visto e revisto.

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