Crítica: Cavaleiro da Lua

Moon Knight, EUA, 2022



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★★★★☆


Surpreendentemente, Cavaleiro da Lua é uma das melhores séries do MCU. Mesmo operando dentro do “cercadinho” da Disney, a trama consegue transmitir boas quantidades de drama e tensão, equilibrando-os com as ótimas cenas de ação. Nem a história e nem os efeitos especiais são perfeitos, mas esses elementos são bons o suficiente para dar a Oscar Isaac a oportunidade de nos impressionar com seu talento. Há também uma certa ousadia nos temas abordados e em como eles são abordados, diferenciando a série de suas antecessoras.

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Talvez a série cause uma ótima impressão por estar vindo logo depois da inofensiva Gavião Arqueiro, produção que está mais interessada em introduzir personagens e mostrar participações especiais. Cavaleiro da Lua, por outro lado, consegue passar um genuíno senso de aventura e de risco, mesmo lidando com poderosíssimos deuses tirados da mitologia egípcia. Dessa vez, a violência é mais brutal e as consequências são mais sérias e definitivas.

Um dos grandes trunfos da produção é uma narrativa que adota o ponto de vista do confuso Marc Spector/Steven Grant/Cavaleiro da Lua (Isaac), um protagonista que, além de ter super-poderes, sofre com transtorno dissociativo de identidade. Na trama, Spector e Grant parecem ser duas pessoas completamente diferentes, que não se conhecem e não sabem o que o outro anda fazendo. O espectador fica tão confuso quanto eles quando uma das identidades assume o controle e tenta entender como foi parar em sua atual situação. De cara, essa é uma experiência bem diferente de qualquer outra no MCU.

Além da ação, Cavaleiro da Lua também se destaca pelos elementos de terror e suspense psicológico que permeiam a vida do protagonista. Mas a coisa toda sobe ainda mais de nível a partir do quarto episódio, quando a trama entra quase que completamente no modo Legion e coloca Spector/Grant em situações cada vez mais confusas e desorientadoras. A natureza de seu transtorno mental se combina com elementos da mitologia egípcia para prover momentos e visuais tão aterradores quanto “viajantes”. No processo, o personagem é obrigado a finalmente encarar as raízes de seu transtorno e a violência de seu passado.

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O episódio final volta ao “normal” e conta com uma típica batalha de super-heróis, envolvendo também Layla El-Faouly (May Calamawy), interesse amoroso do protagonista, e uma estranha batalha entre deuses, que lembra mais uma batalha entre kaijus. O grande antagonista é Arthur Harrow (Ethan Hawke), um típico fanático religioso que está disposto a começar uma grande matança por acreditar que apenas as pessoas consideradas justas pela sua religião merecem viver. Como era de se esperar, Hawke eleva significativamente o nível do personagem e a qualidade do material que lhe é oferecido.

Cavaleiro da Lua está longe de atingir os extremos de uma série como Pacificador, mas ainda assim representa o MCU explorando os limites da representação de traumas e violência em suas produções. Assim como Gavião Arqueiro, a série é indicada para maiores de 14 anos, mas não deixa a impressão de que foi feita apenas para adolescentes. Fora a fantasia, os temas tratados são mais adultos e sombrios, refletindo os interesses da parte mais madura da audiência do MCU.

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