Crítica: Godzilla vs Kong
Godzilla vs. Kong, EUA, 2021
A batalha entre Kong e Godzilla não decepciona, mas ainda assim esse é o filme mais fraco da franquia
★★★☆☆
O ato final de Godzilla vs Kong é quase tudo o que os fãs poderiam esperar, mas o caminho até lá é extremamente tortuoso. A primeira metade do filme é praticamente desperdiçada, tendo apenas uma luta entre os titãs e muita apresentação de novos e desnecessários personagens. Felizmente, a segunda metade fica mais interessante e faz a espera valer à pena, ainda que também possua seus próprios problemas.
A inclusão de personagens desnecessários já é praticamente uma marca registrada dessa franquia, mas aqui esse problema chega a níveis alarmantes. O núcleo formado pelos personagens de Millie Bobby Brown, Julian Dennison e Brian Tyree Henry poderia ser completamente removido, e isso apenas ajudaria a história. Eles deveriam servir como uma espécie de alívio cômico, mas os personagens são tão superficiais e as piadas tão previsíveis que nada funciona para eles. Os personagens de Kyle Chandler e Eiza González também não possuem razão de ser e ficam sobrando na produção.
Já o núcleo liderado por Rebecca Hall, Alexander Skarsgård e Kaylee Hottle serve ao menos para avançar a história e expandir o universo dos titãs, finalmente introduzindo a impressionante Terra oca na ação. Juntos com os personagens de Demián Bichir e Shun Oguri, eles abrem novas possibilidades tanto para a narrativa quanto para a franquia dos monstros gigantes. Ainda assim, eles não são tão bem desenvolvidos quanto os personagens de Kong: A Ilha da Caveira (crítica aqui), que possuíam seus próprios conflitos e motivações, resultando na única entrada da franquia que não é apenas um filme catástrofe ou uma sequência de duelos entre gigantes.
Enquanto Godzilla (crítica aqui) foi uma ótima introdução, o melhor filme da nova franquia ainda é Godzilla II: Rei dos Monstros (crítica aqui), uma extravagância de ação com vários monstros e várias batalhas visualmente impressionantes. Um dos grande destaques de Godzilla vs Kong deveria ser a expansão da mitologia da série, mas isso é feito de forma tão desleixada e previsível que diminui o impacto dos muitos elementos de ficção científica, inclusive a introdução do aguardado Mechagodzilla.
A boa notícia é que a luta final entre Godzilla e Kong é fantástica, levando os dois monstros ao limite de suas habilidades. Além da ótima arma que adquiriu na Terra oca, Kong precisa usar toda a sua inteligência e agilidade para escapar do mortal sopro atômico de Godzilla. A luta só não é mais impressionante devido às escolhas de ângulos e velocidade feitas pelo diretor Adam Wingard. Algo semelhante ocorreu em Círculo de Fogo: A Revolta (crítica aqui), no qual as lutas entre monstros e robôs gigantes foram mostradas de tão longe e com ângulos tão amplos que a grandiosidade da ação dificilmente é transmitida para o espectador.
Godzilla vs Kong serve como um ótimo encontro inicial entre os dois monstros gigantes, fazendo isso enquanto introduz uma interessante expansão ao universo dos titãs. Capítulos futuros precisam ser feitos com mais cuidado e refinamento, adotando ou a abordagem de ação total de Godzilla II: Rei dos Monstros ou o autêntico clima de aventura de Kong: A Ilha da Caveira.