Crítica: Anjos da Noite – Guerras de Sangue

Underworld: Blood Wars, EUA, 2016



Filme é mais uma entrada padrão na franquia Underworld

★★☆☆☆


Anjos da Noite – Guerras de Sangue é mais um capítulo padrão da franquia Underworld e entrega tudo o que os fãs poderiam esperar: estilosas cenas de ação e uma mitologia um tanto confusa. Assim como os outros, esse não é um filme no qual se possa apreciar a narrativa ou a profundidade dos personagens, restando ao espectador desligar o cérebro e curtir a ação (espectadores que não conseguirem fazer isso não vão achá-lo muito agradável). É preocupante que os filmes da franquia estejam se levando cada vez mais a sério, o que pode acabar causando um certo nível de humor não intencional, mas esse exemplar não chega a tanto.

Kate Beckinsale stars in Screen Gems' UNDERWORLD: BLOOD WARS.

Assim como em outros exemplares da franquia, esse capítulo começa com um momento de recapitulação, praticamente um “Nos episódios anteriores de Anjos da Noite…”. Esse tipo de mecanismo, característico de séries televisivas, não deveria ser necessário no cinema, mas, no caso dessa franquia, ele é até bem vindo, pois ninguém é capaz de lembrar exatamente em que ponto a história parou no último episódio, já que o enredo de cada um dos filmes é muito facilmente esquecível. Porém, passado esse momento, em um dos primeiros diálogos é apresentada uma situação completamente diferente, com uma nova ameaça (que parece ter surgido do nada) e novos objetivos para a protagonista, além de deixar claro que uma importante personagem do filme anterior não deve dar as caras nesse capítulo. Tudo isso torna questionável a necessidade da recapitulação em primeiro lugar, pois não parece que estaremos utilizando muito do conteúdo dos filmes anteriores.

O roteiro até tenta usar da mitologia para construir um dos antagonistas e para firmar o personagem de Theo James como um dos mais importantes da franquia, mas o resultado não passa de intrigas palacianas baratas e sem muita sofisticação. Apesar dessa trama não apresentar nada novo ou interessante, ela é boa o suficiente para distrair o espectador enquanto ele espera a próxima cena de ação. O figurino e a direção de arte também tornam essas cenas mais suportáveis, contrastando o goticismo cool dos vampiros com o estilo de guerrilha dos lobisomens. O mesmo não pode ser dito em relação à montagem, cujo nível de qualidade varia significativamente entre as cenas de diálogo e as de ação. Enquanto durante os diálogos tudo é feito de forma bem apressada e sem muito detalhamento, na ação o espectador tem tempo suficiente para apreciar os enquadramentos e os movimentos dos personagens, mesmo nas cenas que não são em câmera lenta.

Underworld: Blood Wars

É incrível perceber que mesmo enquanto escrevo esse texto, apenas algumas horas depois de assistir ao filme, os detalhes da trama de Anjos da Noite – Guerras de Sangue parecem ser memórias antigas e embaçadas, ao mesmo tempo em que lembro com certa clareza de cada uma das cenas de ação. Sucesso absoluto de bilheteria (nenhum dos filmes rendeu menos de 100% de lucro ao estúdio), a franquia segue sendo um fracasso de crítica, o que não parece incomodar nenhum dos envolvidos. Kate Beckinsale continua seriamente dedicada a sua caricata protagonista, apesar de ter estrelado em 2016 um dos maiores sucessos de crítica do ano, Amor e Amizade. Talvez valha pra ela a mesma defesa usada pelos estúdios quando questionados sobre porque continuam investindo toneladas de dinheiro em blockbusters de qualidade questionável: para poderem fazer “filmes de arte”, eles precisam antes fazer filmes que paguem as contas.

Resumindo, Anjos da Noite – Guerras de Sangue é mais do mesmo, o que deve agradar aos fãs da franquia e oferecer um entretenimento razoável para espectadores ocasionais que o encontrem em serviços de streaming ou na televisão. Porém, se estiver afim de cinema de primeira linha, passe longe.

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