Crítica: Jolt – Fúria Fatal

Jolt, EUA, 2021



Filme tem todos os elementos para funcionar muito bem, e ainda assim o resultado final é bem decepcionante

★★☆☆☆


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Um dos aspectos mais frustrantes de Jolt: Fúria Fatal é que a premissa tinha tudo para dar certo: Lindy (Kate Beckinsale) é uma mulher altamente treinada e com um sério problema de controle da raiva, sendo capaz de explodir violentamente diante das mais corriqueiras irritações. Nesses momentos, ela fica mais forte e mais rápida, o que é muito útil quando ela parte em busca das pessoas que assassinaram seu namorado (ou, mais precisamente, “ficante”) Justin (Jai Courtney). Porém, o que poderia ser uma alucinante caçada acaba resultando em uma experiência sem sentido e sem adrenalina.

jolt 2Para começar, o filme desperdiça trinta dos noventa minutos de duração no modo comédia romântica, mostrando as idas e vindas do início do relacionamento entre Lindy e Justin. A ação engata ao longo dos sessenta minutos seguintes, acompanhada por acontecimentos cada vez mais ilógicos e sem sentido. Inicialmente, é possível ignorar os absurdos e tentar embarcar na ação, mas as inconsistências vão se acumulando de tal forma que elas são os únicos elementos nos quais parte dos espectadores vai conseguir prestar atenção.

Poderiam ser absurdos como os de Adrenalina 2: Alta Voltagem ou Hardcore: Missão Extrema, filmes que “chutam o balde” e oferecem pura insanidade na forma de ação e comédia. Porém, a trama de Jolt: Fúria Fatal segue sempre pelo caminho mais previsível, com algumas poucas cenas de ação e comédia que realmente funcionam como deveriam. A produção está mais próxima do também questionável Gunpowder Milkshake (crítica aqui), que também tenta priorizar o estilo em detrimento do conteúdo. Os dois filmes parecem estar tentando desesperadamente ser um Atômica, mas nenhum dos dois possui um roteiro bom o suficiente para alcançar o mesmo nível de sofisticação.

A grande diferença entre eles é que enquanto Gunpowder Milkshake é quase passável, Jolt: Fúria Fatal é quase uma completa catástrofe. O que ameniza parte dos problemas aqui é uma fantástica atuação de Beckinsale, tanto na comédia quanto na ação, tornando o filme pontualmente divertido. Porém, nem ela consegue salvar o conjunto da obra, desperdiçando uma performance que poderia ser icônica se tivesse o material correto com o qual trabalhar.

jolt 1Outro ator que eleva sensivelmente o nível da produção é Stanley Tucci, que aproveita muito bem o pouco que lhe é dado. Jai Courtney, Bobby Cannavale e Laverne Cox se esforçam para fazer seus personagens funcionarem, mas o roteiro realmente dificulta o trabalho. Há também uma participação de Susan Sarandon no últimos momentos, mas nesse ponto o espectador já está ansioso pelos créditos finais.

Jolt: Fúria Fatal mostra que mesmo um filme de ação genérico precisa fazer algum sentido. O mínimo que o roteiro desse tipo de filme precisa fazer é não atrapalhar a ação, de forma que o espectador nem se preocupe com os detalhes da história enquanto vai se divertindo com os tiros, perseguições, lutas e explosões. Porém, se o espectador consegue enxergar inconsistências mesmo com Kate Bekinsale lutando e fazendo piadas às custas dos bandidos, então o problema é grave.

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