Crítica: Além da Margem – 2ª Temporada
Outer Range – Season 2, EUA, 2024
Prime Video · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
Por mais que tenha menos humor e menos momentos memoráveis que a primeira, a segunda temporada de Além da Margem faz um ótimo trabalho ao avançar o universo da série. A trama fica cada vez mais semelhante aos dramas e desenvolvimentos de Dark, série alemã sobre viagem no tempo que deu muitos nós nas cabeças dos espectadores. Dessa vez, os viajantes do tempo estão localizados no presente e no passado da América rural.
Enquanto a família Abbott ainda tenta lidar com os estranhos acontecimentos da temporada anterior, personagens como Autumn (Imogen Poots), Luke Tillerson (Shaun Sipos) e Wayne Tillerson (Will Patton) traçam novos planos e tentam controlar o próprio destino. A natureza da substância que permite a viagem no tempo ainda é um mistério, mas a participação da Dra. Nia Bintu (Yrsa Daley-Ward) indica que mais interessados nesse “poder” ainda podem aparecer.
Na narrativa principal, Royal (Josh Brolin) e Cecilia Abbott (Lily Taylor) tentam localizar a neta Amy (Olive Abercrombie) enquanto se esforçam para não perder a propriedade da fazenda. Essa trama lembra a história do neo-faroeste Um de Nós, no qual dois avós desesperados tentam recuperar o neto desaparecido. Paralelamente, o pai de Amy, Perry (Tom Pelphrey), vive sua própria aventura no passado depois de ter pulado no misterioso buraco na temporada anterior.
A subtrama menos interessante dessa temporada de Além da Margem é a de Rhett Abbott (Lewis Pullman), filho de Royal e Cecilia e irmão de Perry. Ele estava prestes a deixar a região para começar uma nova vida ao lado de sua namorada Maria (Isabel Arraiza), longe de todo esse drama. Sua permanência não faz muita diferença na trama, mas no episódio final ele faz uma escolha que pode prejudicar os interesses da família ou conquistar poderosos aliados para os Abbott.
Vale notar que, apesar de sua temática de ficção científica, Além da Margem ainda é sobre duas famílias de fazendeiros em conflito pela propriedade da terra e pelo direito de explorá-la. A diferença aqui é que os envolvidos nessa luta possuem agora a capacidade de viajar no tempo, ainda que eles ainda não sejam capazes de controlar em qual ponto do tempo irão parar.
Essa segunda temporada entra 100% no modo faroeste no quarto episódio, que mostra a incrível aventura da xerife Joy (Tamara Podemski) na década de 1880, onde foi parar por acidente. Focada em sua vida em meio aos nativo-americanos da época, a trama desse episódio parece tirada diretamente de séries como 1923 ou A Inglesa, além de lembrar o episódio Kiksuya de Westworld (S02E08). O resultado é um dos melhores episódios da série.
Depois de quatro anos no passado e com a inspiração da viajante do tempo Estrela Cadente (Kimberly Guerrero), Joy parte em uma missão quase suicida para resgatar uma adolescente indígena que foi sequestrada por homens brancos. A ação a coloca no caminho de um pequeno Royal (Teaguen Arbogast), cuja jornada pelo tempo está apenas começando.
O episódio também se destaca por uma marcante referência à canção Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, que é a banda favorita de Estrela Cadente. Outra referência curiosa é que, no episódio seguinte e na linha temporal do presente, Royal leva Joy para a reserva indígena de Wind River, que é onde se passa o neo-faroeste Terra Selvagem, estrelado por Elizabeth Olsen e Jeremy Renner.
No mais, os shows de atuação continuam presentes, com destaque para a intensidade e o virtuosismo de Lily Taylor. Enquanto Josh Brolin e Will Patton dispensam comentários, a impressão que fica é que a presença dessas grandes figuras inspiram os demais atores a irem além em suas interpretações, resultando em grandes momentos para cada um deles.
A segunda temporada de Além da Margem responde várias perguntas e esclarece quais são as facções que estão se formando na guerra pelo futuro. Apesar de não ser um grande fenômeno de audiência, a trama nos deixa com a esperança de que uma terceira temporada será aprovada, permitindo ao menos que os cliffhangers deixados aqui sejam solucionados e que a trama tenha a oportunidade de ser concluída de forma satisfatória.