Crítica: Sugar – 1ª Temporada
Sugar, EUA, 2024
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★★★★☆
Los Angeles. Um estiloso e misterioso detetive particular. Um caso de pessoa desaparecida. Uma família cheia de segredos. Uma narração em off. Todos os elementos apresentados nos primeiros episódios de Sugar apontam para uma típica história noir. Porém, a envolvente atuação de Colin Farrell no papel principal e a adição de inesperados elementos de [CENSURADO] fazem da série algo mais viciante e ousado do que se poderia esperar.
Os curtos episódios também mantêm o interesse do espectador graças a um estilo narrativo tão cool e nostálgico quanto seu protagonista. Sempre muito bem vestido, John Sugar (Farrell) nos leva pacientemente para passear sob o sol californiano em seu estiloso Corvette 1966. No caminho, ele tenta ser uma influência positiva nas vidas das pessoas que encontra, mesmo quando essas pessoas são cruéis criminosos que representam o que há de pior na humanidade.
Na prática, a história e as motivações do protagonista são os primeiros mistérios colocados diante do espectador. As cenas iniciais deixam claro que ele é muito bom de briga, mas prefere não recorrer à violência para realizar seu trabalho. Quando sua assistente Ruby (Kirby) lhe presenteia com uma arma para sua proteção, ele prefere deixá-la guardada.
Sugar também é um cinéfilo e relaciona os acontecimentos ao seu redor com vários clássicos de Hollywood, especialmente os clássicos filmes noir. Essa abordagem também é adotada pela narrativa, que complementa as reflexões do protagonista com cenas daqueles clássicos. Assim, o espectador cinéfilo recebe um presente a mais ao longo dessa jornada.
Como muitos cinéfilos, Sugar precisa repetidamente se lembrar de que a vida não é um filme. Ele precisa se lembrar de que as pessoas se machucam de verdade e que nem sempre há um final feliz. Além disso, assim como o restante da humanidade, ele também está lutando contra seus piores impulsos, em um esforço para ser um força em prol do bem ao invés de se entregar à destruição provida pela violência.
Como toda trama noir que se preze, Sugar vai nos apresentando a uma gama de personagens cheia de mistérios e segredos. Tanto Ruby quanto Melanie (Amy Ryan) não estão sendo completamente sinceras com o protagonista. Já a poderosa família Siegel possui segredos suficientes para confundir o investigador e tornar seu percurso ainda mais sinuoso.
De repente, Sugar surpreende o espectador com uma revelação que explica parte dos mistérios apresentados pela série e que a coloca em um outro gênero cinematográfico. Esse é um plot twist cuja ousadia pode fazer parte dos espectadores perder o interesse na trama. Porém, para os que ficarem, as possibilidades são extremamente empolgantes.
A mistura de gêneros faz a produção lembrar as abordagens de séries como Carol e o Fim do Mundo e Além da Margem. Assim como elas, Sugar cria situações fantásticas para refletir sobre a natureza humana e sobre os mistérios da nossa existência.
No episódio final, quase todos os mistérios são solucionados e um grande vilão é introduzido. Nesse momento, o mundo de Sugar se torna tão interessante que poderia render várias temporadas no melhor estilo de séries como Arquivo X e Millenium ou de filmes de ação como Bright ou Spectral. Tudo isso enquanto John Sugar está apenas tentando se tornar uma pessoa melhor.
