Crítica: Yellowjackets – 1ª Temporada

Yellowjackets – Season 1, EUA, 2022



Prime Video · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Versez le sang, mes beaux amis
And let the darkness set us free

A primeira temporada de Yellowjackets serve como uma intensa introdução a um mundo no qual as jogadoras de um time adolescente de futebol mergulham na selvageria depois de ficarem isoladas em uma remota floresta. A série intercala os acontecimentos do passado e do presente para tecer uma envolvente narrativa, deixando o espectador ansioso por respostas e tentando descobrir o que realmente aconteceu durante os dezenove meses em que as sobreviventes ficaram longe da civilização. O que poderia ser uma inspiradora história sobre resiliência e “o poder da amizade” se torna um terror psicológico marcado por vários mistérios e por um cortante humor negro.

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Em 1996, as garotas do time colegial apelidado de “yellowjackets” (na América do Norte, essa palavra é utilizada para se referir a certos tipos de vespas) tentam lidar com suas diferenças e embarcam rumo ao torneio nacional depois de serem campeãs estaduais. Nos dias atuais, as poucas sobreviventes da queda do avião já construíram novas vidas e tentam deixar o passado para trás. Porém, elas precisam se reunir para lidar com potenciais ameaças aos segredos que elas compartilham e que poderiam destruir suas vidas. As coisas desandam tanto no passado quanto no presente, levando as garotas de 1996 e as mulheres dos dias atuais a recorrerem a medidas extremas.

O dez episódios dessa primeira temporada podem ser lentos demais para quem esperava que a série mostrasse apenas os conflitos e os momentos mais desesperadores das personagens. Ao invés disso, a trama vai lentamente apresentando as várias faces das adolescentes e das mulheres adultas que elas se tornaram, o que amplia o impacto emocional dos momentos mais dramáticos e chocantes. Ao longo do caminho, os dramas e romances adolescentes se misturam com os dramas e romances adultos, sendo interrompidos apenas por grandes momentos de humor negro, violência visceral e sucessos musicais dos anos 1990.

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Yellowjackets pode ser descrita como uma estranha mistura entre Lost e Orphan Black, feita para fãs de Penny Dreadful e de filmes como No Limite e Louca Obsessão. A primeira temporada ainda não entra 100% nos modos Senhor das Moscas ou Mortos de Fome, mas os sinais de selvageria e canibalismo são claríssimos. Já há inclusive uma espécie de “senhor das moscas” (que, na demonologia, também é representado como uma criatura semelhante a uma vespa) na forma de uma presença sobrenatural que parece influenciar e sabotar as garotas na floresta.

Um dos grandes fortes da série é o seu incrível elenco. As quatro protagonistas são interpretadas por oito atrizes marcantes e incrivelmente carismáticas. Shauna (Sophie Nélisse/Melanie Lynskey), Taissa (Jasmin Savoy Brown/Tawny Cypress), Natalie (Sophie Thatcher/Juliette Lewis) e Misty (Samantha Hanratty/Christina Ricci) formam o centro gravitacional da ação e possuem camadas que vão sendo reveladas ao longo da trama. Há motivos de sobra para cada uma delas ser a personagem favorita dos espectadores, a depender das preferências de cada um.

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Quem dificilmente se tornará a favorita de alguém é Jackie (Ella Purnell), que só aparece em 1996. Em condições normais, ela é a líder do grupo, e utiliza suas habilidades sociais e seu otimismo para resolver os conflitos de forma amigável e construtiva. Porém, quando a equipe está isolada na floresta, ela “trava” e demostra não possuir os instintos apropriados para lidar com aquela situação. Parece que suas habilidades sociais só são úteis no ambiente relativamente controlado da civilização. Quando as outras garotas ficam justificadamente pessimistas com tudo o que está ocorrendo, ela não consegue ajudar nem a si própria.

Nem todo mundo está preparado para apreciar o exagerado caldeirão de gêneros e referências de Yellowjackets. Ao misturar o clima de drama e mistério com uma pegada grunge (veja abaixo a incrível abertura da série) e elementos de gore, a trama se encaixa perfeitamente no gosto dos millenials, mas também pode agradar às gerações mais novas. Quem embarcar nessa primeira temporada pode esperar rivalidades adolescentes, amores não correspondidos, traições, rock’n roll, plot twists, bad trips, estripações, ciclos menstruais sincronizados e pelo menos um membro decepado a machadadas.

Derramai o sangue, meus bons amigos
E deixe a escuridão nos libertar

 

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