Crítica: Indiana Jones e a Relíquia do Destino
Indiana Jones and the Dial of Destiny, EUA, 2023
Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★☆☆
Ao longo das últimas décadas, muitos filmes tentaram capturar a essência da trilogia original de Indiana Jones (Harrison Ford), se inspirando na ação, na aventura e no humor na esperança de reproduzir a intensa experiência daqueles primeiros filmes. Infelizmente, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é apenas mais uma dessas tentativas. A produção se inspira nos originais e até tenta homenageá-los, mas fica bem longe de alcançar o mesmo grau de imprevisibilidade e empolgação.

O resultado se iguala a produções como Jungle Cruise e Uncharted: Fora do Mapa, filmes que tentam desesperadamente invocar o espírito de aventura de Indiana Jones. O ideal seria que Relíquia do Destino estivesse mais próximo de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, filme que faz uso de uma fórmula bem estabelecida e relativamente desgastada de uma forma que injeta energia e empolgação em cada momento da projeção.
É estranho que o diretor James Mangold não consiga alcançar esse nível de qualidade. Em filmes como Ford vs Ferrari e Os Indomáveis ele conseguiu fazer muito com muito pouco, resultando em produções memoráveis. Ele também é o responsável pelo ótimo Logan, mas aqui o diretor fica aquém de todas essas outras produções, oferecendo algo indistinto e relativamente sem sabor.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino também tem elementos que prejudicam a suspensão da descrença por parte do espectador, com o principal deles sendo a idade do protagonista. Não é que uma pessoa septuagenária seja incapaz de protagonizar um filme de ação, mas é preciso apresentar a história e o personagem de uma forma que o espectador não questione suas capacidades.

Não é que um filme de Indiana Jones precise ser absurdamente realista, mas o espectador não pode ficar preocupado com a fragilidade do senhor de idade que está trocando socos com bandidos e sendo alvo de muitos tiros.
Ainda assim, Relíquia do Destino consegue engatar um pouco de empolgação em sua segunda metade, graças à ajuda dos personagens de Phoebe Waller-Bridge e Ethann Isidore, além de momentos dramáticos que dão um pouco mais de profundidade ao personagem principal. O roteiro tem seus bons momentos, com ideias que realmente poderiam elevar um novo capítulo dessa série de filmes.
Talvez a produção funcionaria muito melhor como um introspectivo drama sobre um ex-aventureiro fazendo uma última viagem em busca de uma última relíquia, adequando a história à nova realidade da vida do icônico personagem. Ao invés disso, Mangold e os outros roteiristas tentam sem sucesso nos convencer de que esse é o mesmo Jones de sempre. Em alguns momentos, a impressão que fica é que estamos vendo Harrison Ford fantasiado de Indiana Jones.
Para o espectador que tiver muita boa vontade ou que não conhece os filmes originais (e os muitos filmes que eles inspiraram), Indiana Jones e a Relíquia do Destino pode até ser um filme empolgante e surpreendente. Para o espectador que já conhece os originais e a influência da franquia, essa nova produção é, no máximo, interessante. No quesito nostalgia, faz muito mais sentido assistir aos originais novamente.







