Crítica: Dungeons & Dragons – Honra Entre Rebeldes

Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves, EUA, 2023



Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Em termos de história, não há nada incrivelmente surpreendente em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes. Porém, o filme surpreende com a consistência e a intensidade da comédia e da ação ao longo da narrativa, resultando em um dos filmes mais divertidos de 2023. Mais que isso, essa adaptação do famoso jogo de RPG captura a essência caótica das aventuras de alta fantasia, nas quais os personagens precisam realizar missões secundárias, coletar itens especiais e subir de nível até serem capazes de enfrentar o grande vilão.

Depois do inesquecivelmente ruim Dungeons & Dragons: A Aventura Começa Agora, essa nova adaptação do RPG está no mesmo nível que ótimos filmes de aventura mais recentes, como Jumanji: Bem-vindo à Selva, Jumanji: Próxima Fase e Jogador Nº 1. As cenas de ação protagonizadas pela bárbara Holga (Michelle Rodriguez) e pelo paladino Xenk (Regé-Jean Page) são de tirar o fôlego, enquanto os poderes do mago Simon (Justice Smith) e da druida Doric (Sophia Lillis) são beneficiados pela alta qualidade da cinematografia e dos efeitos especiais.

Já o bardo Edgin (Chris Pine) é a cola que mantém o grupo unido, sendo o maior responsável pelos momentos de comédia e pelo núcleo dramático da trama. Também é ele quem mantém a energia caótica da história, servindo como um contraponto para praticamente todos os outros personagens e como um ponto de equilíbrio entre os muitos elementos envolvidos na narrativa. Tanto esse quanto os demais jogadores são significativamente auxiliados pelas ótimas atuações do grande elenco e por piadas que funcionam de forma consistente durante todo o filme.

Esse último aspecto faz de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes uma das melhores comédias do ano, ainda que isso não prejudique a dramaticidade da história. O risco aqui seria que o clima de comédia fosse tão proeminente que diminuísse os riscos e o impacto emocional da trama, que foi um pouco do que aconteceu com a aventura Thor: Amor e Trovão. Felizmente, a trama está em um nível mais similar (ou até superior) ao de Thor: Ragnarok, filme que equilibra muito bem o drama e a ação com os muitos momentos de comédia.

Outro elemento que beneficia esse equilíbrio é a vilã Sofina (Daisy Head), uma Maga Vermelha que em nenhum momento está de brincadeira e se mostra o tempo inteiro extremamente focada e perigosa. A intensa atuação de Head dá a Sofina toda a credibilidade necessária para que a personagem seja sempre levada a sério, lembrando vilões de filmes de fantasia mais sombrios, como Solomon Kane: O Caçador de Demônios e Caça às Bruxas.

Ela também lembra o implacável e ameaçador vilão Vingador, da série animada Caverna do Dragão, que também é uma adaptação de D&D. No desenho animado, enquanto os protagonistas mantinham um clima geralmente mais leve, o Vingador parecia ser um vilão saído diretamente de um demoníaco filme de terror. Sofina e os outros Magos Vermelhos de Honra Entre Rebeldes conseguem muito bem manter essa característica e prometem ser vilões de peso em possíveis continuações.

E por falar em Caverna do Dragão, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes possui um ótimo easter egg da outra adaptação, mostrando os protagonistas da clássica animação em uma das principais cenas do ato final. Essa participação especial é apenas a cereja no bolo em um filme que diverte de forma tão intensa quanto caótica. Em uma indústria que já está repleta de franquias, esse é o tipo de reboot que deixa os fãs ansiosos para que a série de filmes realmente decole.

 

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