Crítica: Thor – Amor e Trovão

Thor: Love and Thunder, EUA, 2022



Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Para mim, apenas o fato de que a Dra. Jane Foster (Natalie Portman) referencia o filme O Enigma do Horizonte para explicar o que é uma Ponte de Einstein-Rosen (cena original aqui) já fez o valor do ingresso valer a pena. Mas Thor: Amor e Trovão está muito mais interessado na magia do que na ciência, colocando Thor Odinson (Chris Hemsworth) e sua nova equipe em mais um road movie intergaláctico do MCU. Esse é um produto menos refinado do que Thor: Ragnarok, mas isso só deve desagradar quem estiver mais interessado em analisar o filme do que em se divertir com o Deus do Trovão.

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Dessa vez, o diretor Taika Waititi dobra a aposta em tudo o que deu certo em Thor: Ragnarok e ainda adiciona ousadas doses de drama e melancolia à receita. O resultado nem sempre funciona tão bem quanto o esperado, mas a parte que funciona faz todo o resto valer a pena. O que fica claro é que a prioridade da produção é a diversão e a emoção, provendo momentos genuinamente tocantes por baixo de uma superfície de comédia de ação que inclui os gritos desesperadores de dois bodes gigantes.

O lado mais sério fica por conta de Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, vilão que parte em uma missão de vingança contra os seres mitológicos. Seu fanatismo religioso se transforma em um fanatismo anti-deuses depois que suas preces não são atendidas e o deus que ele adora o humilha. A atuação de Bale é vital para fazer com que o público leve o vilão a sério e sinta não apenas a sua dor, mas também toda a gama de emoções pela qual o personagem passa tanto nos momentos iniciais quanto nos momentos finais de Thor: Amor e Trovão.

Quem também tem seus momentos mais dramáticos é Foster, que, assim como nas HQs, se torna a Poderosa Thor na tentativa de se curar de um câncer terminal. Como adaptação do arco narrativo da Poderosa Thor dos quadrinhos, Amor e Trovão não impressiona, fazendo da personagem apenas mais um dos coadjuvantes da trama. Pelo menos, ela é uma ótima adição ao clima de loucura e aleatoriedade, sendo uma Thor de primeira viagem que tem ótimas interações tanto com Thor, que é seu ex-namorado, quanto com a Rei Valquíria (Tessa Thompson).

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Em meio à comédia, Waititi consegue tratar tanto o sofrimento de Gorr quanto a situação de Foster de forma séria e reflexiva. Mesmo Thor tem seus momentos mais profundos, refletindo sobre todos os entes queridos que perdeu e sobre o seu lugar no Universo. Essa abordagem lembra o trabalho do diretor em Jojo Rabbit, uma comédia leve e otimista que se passa na Alemanha nazista e faz piada com um dos momentos mais sombrios da História. Assim como naquele filme, os personagens de Thor: Amor e Trovão precisam escapar da escuridão (tanto a metafórica quanto a literal) utilizando como principais “armas” o amor e a esperança.

Tudo isso é feito das formas mais exageradas e divertidas possíveis, especialmente com a inclusão de um Zeus fanfarrão interpretado por Russell Crowe e de uma trilha sonora cheia de sucessos do passado. Dessa vez, o destaque fica com o Guns N’ Roses, que tem quatro grandes sucessos na trilha do filme: Welcome to the Jungle, Paradise City, November Rain e uma apropriada Sweet Child O’ Mine, que combina perfeitamente com o momento final da trama. Além disso, o solo final de November Rain se encaixa muito bem em uma das melhores cenas de batalha da produção.

Waititi também dá um jeito de inserir belíssimas cenas em preto e branco e uma ótima participação dos Guardiões da Galáxia, por mais rápidas que elas sejam. Ainda que Thor: Amor e Trovão não seja um filme perfeito, ele oferece doses cavalares de diversão e emoção para quem se deixar levar por essa louca combinação de ação e coração. Como se isso não bastasse, a produção ainda abre excitantes possibilidades para o futuro do personagem, incluindo novos vilões e uma importante nova aliada.

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