Crítica: Stranger Things 4
Stranger Things 4, EUA, 2022
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★★
É possível fazer um esforço e apontar várias imperfeições na quarta temporada de Stranger Things, mas seria um esforço que não se justificaria. Depois de um Volume 1 inesquecível, o Volume 2 encerra a temporada com todo o drama e toda a ação que os fãs poderiam esperar. Porém, o final do último episódio está longe de ser tão feliz quanto os espectadores gostariam, fazendo de Stranger Things 4 o Star Wars: O Império Contra-Ataca ou Vingadores: Guerra Infinita de Stranger Things. De certa forma, o vilão Vecna (Jamie Campbell Bower) foi derrotado, mas os estragos que ele fez são traumáticos e potencialmente irreversíveis.
Stranger Things 4 também representa o momento mais revelador da série, mostrando as origens das criaturas que assombraram a pequena cidade de Hawkins nas temporadas anteriores. Isso faz dessa temporada um grande ponto de inflexão, já que a identidade do verdadeiro vilão se torna conhecida, além de sua relação com a heroína Eleven (Millie Bobby Brown). A impressão que fica é que nada será como antes, pois dessa vez a frágil vitória teve o gosto amargo de uma grande derrota. Diante disso, como a trama seguirá em frente?
Uma possibilidade é que os irmãos Duffer, criadores da série, explorem um clássico elemento dos filmes e séries dos anos 1980 que ainda não apareceu em Stranger Things: a viagem no tempo. Assim como esse recurso foi utilizado em Vingadores: Ultimato para corrigir parte dos acontecimentos de Guerra Infinita, a série poderia colocar os adolescentes de Hawkins em uma aventura inspirada em filmes como O Exterminador do Futuro, Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica, e, obviamente, De Volta para o Futuro. Esse último, por sinal, apareceu rapidamente no sétimo episódio da terceira temporada da série, quando Dustin (Gaten Matarazzo), Erica (Priah Ferguson), Steve (Joe Keery) e Robin (Maya Hawke) entram em uma sala de cinema.
Outra possibilidade é que o salto temporal já prometido pelos Duffers resulte em uma trama mais séria, nos moldes de It: A Coisa e It: Capítulo Dois, que também são histórias dos anos 1980. Se for esse o caso, teríamos uma história mais melancólica, mostrando os personagens que conhecemos como crianças tendo que lidar com seus traumas durante o início da idade adulta. Seria uma conclusão apropriada para essa grande jornada de amadurecimento, apesar de não ser a mais feliz possível. O que sabemos até agora é que haverá o salto temporal e que os executivos da Netflix foram às lágrimas com a história proposta pelos Duffers para Stranger Things 5, temporada final da série.
Em Stranger Things 4, mesmo com os personagens separados por grandes distâncias, a ação foi muito bem coordenada e a cooperação entre eles foi altamente satisfatória. No episódio final, mesmo com vários grupos em diferentes lugares, a grande batalha é contra o mesmo inimigo. Ao invés de ficarmos com a impressão de que estamos acompanhando múltiplas batalhas simultâneas, fica claro que os vários núcleos da ação estão travando a mesma batalha, contra o mesmo vilão, mas sob diferentes pontos de vista.
Com 2h30m de duração, o episódio final também foi marcado por um ritmo frenético e por um emocionante epílogo após a batalha final, marcado pelos reencontros e pela incerteza provocada pela derrota. E se o Volume 1 de Stranger Things 4 chamou a atenção pelo fantástico uso da canção Running Up That Hill, o Volume 2 se iguala em uma cena épica embalada pela frenética Master of Puppets. O grande desafio dos irmãos Duffer agora é superar, ou mesmo igualar, essa ótima temporada. O que a dupla deixa claro com esse “capítulo quatro” é que eles não estão de brincadeira.