Crítica: Mestres do Universo – Salvando Eternia – Parte 1
Masters of the Universe: Revelation – Part 1, EUA, 2021
A Parte 1 é um bom começo, ainda que não seja completamente satisfatória
★★★☆☆
As aventuras de He-Man/Príncipe Adam (Chris Wood) não são nada mais do que memórias de um passado mais simples e inocente durante a maioria dos episódios da Parte 1 de Mestres do Universo: Salvando Eternia. O capítulo inicial mostra um confronto épico entre o herói e seu arqui-inimigo Esqueleto (Mark Hammil), levando a consequências que alteram a situação de praticamente todos os habitantes do planeta Eternia. Com He-Man e Esqueleto fora de cena, históricas alianças são rompidas, improváveis alianças são formadas e nem tudo se resume a um conflito entre o bem e o mal.

O desenrolar dos cinco episódios da Parte 1 dá a entender que Teela provavelmente será uma nova usuária da Espada do Poder. Nesse sentido, Mestres do Universo: Salvando Eternia lembra a série Falcão e o Soldado Invernal (resenha aqui), que serviu para passar o manto de Capitão América para um outro personagem da franquia. Teela está passando por sua própria jornada do herói, que fica incompleta nessa primeira leva de episódios. Essa é a maior limitação dessa Parte 1: ela não conta uma história completa, deixando um grande cliffhanger no ar até a Parte 2 ser lançada. Dado que a série mexe com o status quo da franquia, essa estratégia de lançamento foi uma aposta arriscada da Netflix, podendo dificultar ainda mais a aceitação do público.
Porém, também não há nenhum grande status quo a ser mantido. No terceiro episódio da primeira temporada da série Brinquedos que Marcam Época, fica claro que a série original foi produzida com o único intuito de alavancar as vendas de uma nova linha de brinquedos da Mattel. Os brinquedos foram criados sem nenhuma grande mitologia, visando apenas atender a demandas de mercado e a superar a concorrência. Foi de improviso, durante reuniões com possíveis distribuidores, que um dos criadores “inventou” que também haveria uma revista em quadrinhos e uma série animada para explicar a história. O que eles não esperavam é que a própria série se tornaria uma fonte de renda para a empresa.

Mas também é verdade que a série não precisava se desviar tanto do material original. Um exemplo disso é como a série animada She-Ra e as Princesas do Poder, também lançada pela Netflix, conseguiu trazer a heroína para o Século 21 sem alterar radicalmente os tipos de aventura na qual ela se envolve. Vale lembrar, é claro, que a série de She-Ra tem classificação livre e é direcionada principalmente ao público infantil, enquanto Mestres do Universo: Salvando Eternia é indicada para maiores de 12 anos e direcionada para o público adulto que cresceu assistindo à série original.
O veredito final sobre Mestres do Universo: Salvando Eternia só poderá ser dado depois do lançamento da Parte 2. Por enquanto, o que pode ser dito é que esse é um bom começo, ainda que não seja inteiramente satisfatório. Ancorada na jornada psicológica de Teela, a série pode voar muito mais alto do que os criadores desses personagens jamais imaginaram. Dessa vez, não se trata de puro poder ou lições de moral, mas de trajetórias humanas diante de desafios verdadeiramente épicos.







