Crítica: O Homem nas Trevas
Don’t Breath, EUA, 2016
Terror é eficiente e faz ótimo uso de sua simples premissa
★★★☆☆
Três jovens delinquentes invadem a casa de um velho cego para roubar um dinheiro que ele recebeu de indenização. Infelizmente pra eles, o velho veterano de guerra, mesmo cego, se revela um eficaz e frio psicopata.

Tanto nas cenas nas quais os jovens tem que ficar em silêncio para não serem percebidos pelo velho quanto nas que eles o enfrentam frente a frente são carregadas de tensão até o limite. É interessante ver o quão pouco a aparente desvantagem do veterano pode ser explorada pelos jovens, já que ele se mantém calmo e faz o melhor uso possível de sua audição e conhecimento da casa.
Destaque para a perseguição em breu total que ocorre no porão, que faz um ótimo uso da câmera infravermelha para nos mostrar o que está acontecendo. Nesse momento, o filme se assemelha a Quando as Luzes se Apagam, explorando o nosso primordial medo do escuro. Mas enquanto Quando as Luzes se Apagam intercala as cenas assustadoras com um sólido drama familiar, O Homem nas Trevas não gasta tempo com isso e funciona tão bem quanto. Aqui, a simplicidade é uma virtude.
Outro ponto interessante, ainda que aparentemente simples, é o uso do cachorro do velho cego, que parece ser mais um cão de guarda do que um cão-guia. Em diversos momentos, o Rottweiler age como uma extensão do velho, entrando em ação quando ele está aparentemente incapacitado. É o melhor uso de um animal em um filme de terror que vejo em muito tempo.
Os ocasionais sustos são autênticos e em nenhum momento parecem forçados. O mesmo vale para as poucas reviravoltas que ocorrem em O Homem nas Trevas, que são muito bem amarradas. Apesar da fórmula simples e dos clichês que veem com ela, o filme consegue ser uma ótima experiência cinematográfica e funciona em todos os níveis aos quais se propõe. Não é nada marcante ou revolucionário, mas também não cai na mesmice e executa a sua fórmula com grande competência. Com 90 minutos de duração, seus mais de 60 minutos de pura tensão e desespero fazem o ingresso valer a pena.







