Crítica: Matador de Aluguel

Road House, EUA, 2024



Prime Video · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★☆☆☆


Para um genérico e previsível filme de ação funcionar, ele precisa chegar rapidamente a seu inevitável destino enquanto se mantém interessante durante o percurso. Porém, Matador de Aluguel se distrai com floreios e não consegue atingir esse simples objetivo. Quando o espectador finalmente chega ao fim das duas horas da projeção, é muito pouco provável que ele se importe com a ferocidade da luta final.

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O filme possui o carismático e descontraído lutador Dalton (Jake Gyllenhaal) tendo que lidar com diversas brigas de bar, sempre diante das belas paisagens das praias da Flórida e ao som de uma ótima trilha sonora. Há o grupo de pessoas com as quais ele passa a se importar e há também seu obrigatório interesse amoroso, aqui na forma de Ellie (Daniela Melchior). A trama possui inclusive comentários metalinguísticos que indicam de forma “engraçadinha” quais serão os óbvios caminhos que a história irá seguir.

Porém, o que Matador de Aluguel não possui são níveis de drama ou suspense suficientes para manter a curiosidade do espectador. Esses elementos poderiam ser substituídos por ótimas e inesquecíveis cenas de ação, mas elas também não estão presentes. O uso que o diretor Doug Liman faz da fotografia, do movimento de câmera e dos efeitos especiais acaba removendo o impacto dos golpes e explosões que estão sendo mostrados em tela.

O filme poderia estar no mesmo nível de produções como Creed III e Ambulância, que são tramas que não prezam pela originalidade mas que impactam o espectador com drama, suspense e ação de tirarem o fôlego. A trama também poderia ir mais na direção do clássico Caçadores de Emoção, mas o roteiro se satisfaz com algo muito menos dramático e muito menos imprevisível. Até o recente Alerta Máximo consegue se manter mais instigante do que essa nova versão de Matador de Aluguel.

Durante os comentários metalinguísticos, o filme também se compara com histórias de faroeste, onde Dalton seria o misterioso pistoleiro que chega para salvar a pequena cidade de poderosos bandidos e de autoridades corruptas. Essa é a premissa de filmes como Os Brutos Também Amam e Appaloosa, além de vários outros faroestes. Porém, essas comparações se perdem no mar de referências e clichês utilizados no filme.

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A impressão que Matador de Aluguel deixa é a de que a fantasia de violência que ele tenta emular está anacrônica e não é mais tão divertida assim. A trama jamais consegue equilibrar seu lado propositalmente caricato com o sombrio terror da situação na qual os personagens se encontram, tendo que lidar com criminosos violentos, poderosos interesses imobiliários e policiais corruptos.

As inconsistências tonais da narrativa ficam inconciliáveis com a chegada do vilão Knox (Conor McGregor). Enquanto a trama está tentando ser um típico filme de ação dos anos 1980 (incluindo todos os seus exageros), Knox vai além e parece saído diretamente de um desenho animado ou de um filme de puro besteirol. É como se ele pertencesse a uma realidade alternativa àquela na qual o filme se passa.

Tudo isso faz com que Matador de Aluguel seja o tipo de filme que depende estritamente da boa vontade ou da “inexperiência” do espectador. Para quem já assistiu a muitos filmes de ação como esse nas últimas décadas, a trama não tem muito a oferecer. Porém, para quem ainda está no começo de sua jornada cinematográfica, esse pode ser um começo válido. Não seria um bom começo, mas é preciso começar de algum lugar.

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