Crítica: Batman

The Batman, EUA, 2022



Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Com quase três horas de duração, há uma overdose de Batman/Bruce Wayne (Robert Pattinson) nessa versão de Matt Reeves do Homem-Morcego. Com muito mistério e pouca ação, esse é um Batman muito mais indicado para os fãs dos quadrinhos do que para os fãs das incarnações anteriores do personagem no cinema. O detetive Batman finalmente dá as caras na tela grande, mostrando o lado mais soturno e analítico do personagem ao invés de sua atuação como super-herói.

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Reeves mostra que realmente entende do personagem ao passar uma boa parte da introdução reforçando o mito do Batman e de como ele utiliza o medo para tornar as ruas de Gotham menos perigosas. São momentos altamente fiéis às raízes do personagem nos quadrinhos e bem familiares para quem acompanhou a aclamada série animada dos anos 1990, que ainda é uma das melhores e mais definitivas versões do universo do Homem-Morcego. Esse é aquele mesmo Batman triste e angustiado, que em alguns episódios passa por momentos que o deixam reflexivo e psicologicamente abalado.

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Elementos semelhantes estão presentes na trilogia de Christopher Nolan, mas eles são os principais ingredientes dessa nova encarnação. Batman é como um longo e sombrio episódio da série animada, além de ser claramente inspirado na minissérie em quadrinhos O Longo Dia das Bruxas. Naquela série limitada, posteriormente lançada como uma graphic novel, o Homem-Morcego precisa lidar com vários de seus conhecidos vilões enquanto tenta identificar e apreender um perigoso serial killer, que é basicamente o que acontece nesse novo filme. Inclusive, o primeiro assassinato cometido pelo Charada (Paul Dano) e que dá início às longas três horas da projeção ocorre justamente no dia 31 de outubro.

Porém, há duas grandes más notícias sobre Batman. A primeira é que esse não é um filme de ação, apesar de possuir algumas ótimas cenas desse tipo, especialmente a fantástica perseguição automotiva entre Batman e Pinguim (Colin Farrell). Isso não deve ser um problema para os fãs do Batman detetive, mas será um grande problema para quem precisa de pancadaria e explosões o tempo inteiro para poder ficar acordado durante um filme.

Considerando que todas as adaptações cinematográficas anteriores eram filmes de ação relativamente divertidos e empolgantes, essa mudança de ritmo pode desagradar a muita gente que só conhece aquelas versões do personagem. Vale notar que se dependesse do Bruce Wayne de Pattinson, o filme seria pancadaria do início ao fim, mas o vilão Charada o obriga a usar o cérebro ao invés dos punhos.

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A outra má notícia é que o ato final da produção depende pesadamente de diálogos expositivos para desvendar o mistério que estava sendo investigado pelo protagonista. Normalmente, isso já seria uma má ideia, mas aqui fica pior ainda devido ao longo tempo de duração. A questão é que um filme do detetive Batman, que prioriza o mistério ao invés da ação, deveria ser mais curto ou ter uma história mais impactante. As revelações sobre a corrupção que alimenta a sujeira das ruas de Gotham jã são de praxe nas histórias do personagem e não causam todo o impacto esperado.

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Uma vez que seja lançada em formato digital, a produção deve funcionar melhor no formato de minissérie, o que também foi o caso da Liga da Justiça de Zack Snyder. Pelo menos, o espectador é presenteado não apenas com bastante Batman, mas também com bastante Mulher-Gato/Selina Kyle (Zoe Kravitz) e Jim Gordon (Jeffrey Wright), que interagem fantasticamente bem com o protagonista. A Mulher-Gato de Kravitz é possivelmente a melhor versão da personagem em live action, superando inclusive a versão de Michelle Pfeiffer em Batman: O Retorno.

Um ponto que pode ser extremamente divisivo entre os fãs é que Batman realça lindamente o mito do Homem-Morcego apenas para colocá-lo em xeque no ato final. Essa versão de Bruce Wayne descobre que suas ações como vigilante estão inspirando outros tipos de violência e começa a perceber que ele possui outras formas de ajudar o povo de Gotham, sem recorrer ao uso da força e sem se deixar levar pelo sentimento de vingança. Isso resulta em alguns momentos anti-climáticos, mas é uma mensagem bem relevante e apropriada para os dias atuais, especialmente devido à natureza dos últimos vilões que o Homem-Morcego precisa enfrentar.

Batman pode não ser o grandioso épico de ação que muitos fãs esperavam, mas é um grande (ou mesmo exagerado) presente para aqueles fãs que sempre quiseram ver essa versão do personagem no cinema, já que ele está dentre os maiores detetives da ficção. Sem ameaças cósmicas ou superpoderes, a produção está mais distante de filmes de super-heróis e mais próxima de grandes filmes de suspense como Seven: Os Sete Crimes Capitais, Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres e Os Suspeitos.

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