Crítica: Yellowstone – 3ª Temporada
Yellowstone, EUA, 2018
Prime Video · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
A terceira temporada de Yellowstone segue à risca a fórmula estabelecida nas temporadas anteriores, mas também adiciona algumas surpresas no final. Como já falei aqui, a série é acima de tudo sobre a vida rural nos EUA, e isso fica ainda mais proeminente nessa última leva de dez episódios. Se nos seis primeiros a trama avança lentamente, nos quatro últimos o espectador é presenteado com uma montanha-russa de revelações dramáticas, ação no estilo faroeste e suspense de roer as unhas.

Esse pode ser um início frustrante para quem espera mais do que belas paisagens e profundas reflexões sobre a vida no campo, mas a série tem esse ritmo desde a primeira temporada e segue sendo um grande sucesso de audiência. Além disso, os espectadores se importam com o destino de personagens como Jimmy (Jefferson White) e Rip (Cole Hauser) tanto quanto se importam com o destino dos Dutton. Dessa vez, suas subtramas envolvem não apenas rodeios e violência, mas também um boa dose de humor e romance.
Enquanto Jimmy começa a namorar a cowgirl Mia (Eden Brolin), o relacionamento entre Rip e Beth Dutton (Kelly Reilly) vai ficando cada vez mais sério e oficial. Já Kayce (Luke Grimes) e Monica (Kelsey Asbille) vivem um momento mais tranquilo e romântico de seu casamento, o que é um grande alívio depois das atribulações pelas quais passaram nas duas primeiras temporadas. O clima de romance é completo pelo interesse (inicialmente, não correspondido) que a nova vaqueira do rancho, Teeter (Jen Landon), desenvolve por Colby (Denim Richards).

Essa justiça de fronteira parece ruim, mas os Dutton estão prestes a enfrentar a fúria de um inimigo completamente diferente. No episódio final, a acuada CEO da Market Equities, Willa Hayes (Karen Pittman), chega à conclusão de que sua tentativa de adquirir terras no estado de Montana está cada vez mais parecendo uma tentativa de adquirir petróleo no Oriente Médio, e ela passa a tratar a situação como tal. Ou seja, a multinacional vai usar contra os Dutton técnicas de guerra suja que os americanos geralmente reservam para terroristas e oligarcas que contrariam os interesses do país no outro lado do mundo. Quem já viu filmes como Syriana: A Indústria do Petróleo e Vice (crítica aqui) sabe do que se trata.
Esse tipo de tema é uma das marcas registradas do criador de Yellowstone, Taylor Sheridan, que geralmente explora os limites entre a civilização e a barbárie em seus trabalhos. A série vai cada vez mais se aproximando do universo que o roteirista explorou em Sicario: Terra de Ninguém e Sicário: Dia do Soldado (crítica aqui), trazendo o lado mais sombrio da política externa dos EUA para dentro de casa.

Não fica claro se Rainwater realmente desenvolve a disposição para cometer crimes em nome da recuperação das terras para os povos indígenas, mas o discurso sobre a política dos EUA que a advogada Angela Blue Thunder (Q’orianka Kilcher) faz para ele é bem convincente:
Eles fazem as regras para serem quebradas. Os Estados Unidos já violaram todas as regras que eles próprios já fizeram, do primeiro tratado com a França, até todos os tratados conosco, até o último tratado com o Irã. Eles exigem que apenas os outros sigam as regras. Fazem guerra quando querem, onde querem, e tomam o que querem. E então estabelecem regras para evitar que você possa tomar de volta. Eles fazem regras para os escravos e fazem outras regras para os escravizadores. Você está seguindo as regras dos escravos.
O final da terceira temporada de Yellowstone deixa a história em seu momento mais incerto e imprevisível, prometendo uma quarta temporada bem diferente das três que tivemos até agora. O generalizado estado de guerra em várias frentes vai dificultar bastante os momentos de tranquilidade e reflexão, então é melhor os fãs os aproveitarem enquanto podem.







