Crítica: Mate ou Morra
Boss Level, EUA, 2021
Com muita ação e pouca enrolação, Mate ou Morra vai direto ao ponto e não decepciona
★★★☆☆
Os primeiros minutos de Mate ou Morra já jogam o espectador no 139º dia da repetição na qual o protagonista Roy (Frank Grillo) está preso, com o personagem perfeitamente acostumado com a nova rotina: no dia que se repete, ele precisa sobreviver a um excêntrico grupo de assassinos que sempre conseguem pegá-lo em algum momento. A ação é divertida e relativamente inovadora, garantindo que a premissa não fique cansativa ou maçante. A história, por sua vez, não é lá nada impressionante, mas é boa o suficiente para justificar os mais de noventa minutos de tiros, bombas, perseguições e lutas de espada, que são as atrações principais.
O ritmo só diminui quando a trama tem que explicar o dia anterior ao dia em repetição, dando pistas de como o protagonista foi parar naquela situação. Esse mistério é a outra força motriz da narrativa, com Roy coletando novas pistas ao longo de cada iteração. Isso é importante para manter a trama interessante mesmo com a clássica premissa do filme Feitiço do Tempo (ou Dia da Marmota), que recentemente já foi utilizada em filmes e séries como No Limite do Amanhã (crítica aqui), Boneca Russa, Palm Springs e O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas.
Dentre esses, o que mais se assemelha a Mate ou Morra é No Limite do Amanhã, graças à ação desenfreada misturada com o bom humor. Ainda assim, a ficção científica de Tom Cruise segue superior em quase todos os aspectos, contando com um roteiro mais afinado e com uma conclusão melhor construída.
Além de passatempo, a produção também serve para mostrar que Frank Grillo tem perfeitas condições de carregar um filme de ação como protagonista, seja ele com elementos de comédia ou de suspense. O ator já havia mostrado parte de sua capacidade no suspense de ação Wheelman, e agora se mostra capaz de ser simpático e engraçado em Mate ou Morra. O que falta a ele é um projeto grande o suficiente para descolá-lo da imagem de vilão, que é o que ele geralmente interpreta, e torná-lo uma grande estrela de ação.
Mate ou Morra poderia ser esse projeto, especialmente por contar com estrelas como Mel Gibson, Michelle Yeoh e Naomi Watts, o que deve ser resultado das boas relações que Grillo e que o diretor Joe Carnahan têm em Hollywood. Porém, as limitações do roteiro e o lançamento direto em streaming nos EUA reduziram significativamente o impacto da produção, que ainda tem a oportunidade de se tornar um sucesso de longo de prazo. No pior caso, o filme pode cair no esquecimento, como foram os casos de Hotel Artemis e Armas em Jogo, que tinham características semelhantes.
No curto prazo, Mate ou Morra oferece pouco mais de uma hora e meia de diversão desenfreada, salpicada com uma mensagem sobre família e responsabilidade. A única coisa que o filme fica devendo é um final mais intenso e grandioso, mas só os vinte primeiros minutos da projeção já fazem o filme inteiro valer a pena.