Crítica: Entre Facas e Segredos
Knives Out, EUA, 2019
Filme subverte o subgênero do mistério de assassinato para divertir e surpreender as audiências do Século XXI
★★★★☆
O responsável pela morte do milionário Harlan Thrombey (Christopher Plummer) é revelado ainda na primeira metade de Entre Facas e Segredos, mas isso não significa que o caso esteja resolvido. O diretor Rian Johnson subverte parcialmente a premissa do mistério de assassinato para mantê-la relevante e empolgante, resultando em um dos filmes mais engraçados e divertidos do ano.
E ele faz isso mantendo quase todos os clichês do gênero: uma mansão gótica fora da cidade, um detetive excêntrico e genial, um testamento recentemente alterado, uma família disfuncional, testemunhos conflitantes e a grande revelação na biblioteca. Apenas o mordomo ficou de fora da trama, apesar de ter substitutos à altura.

Mas a grande revelação do filme é a atriz Ana de Armas, que protagoniza a produção ao lado de Craig (os dois também poderão ser vistos juntos em 007: Sem Tempo Para Morrer). Depois de uma elogiada e significativa participação em Blade Runner 2049 (crítica aqui) e de papéis menores em filmes como Cães de Guerra (crítica aqui) e Wasp Network (crítica aqui), a cubana finalmente tem a oportunidade de protagonizar uma grande produção, e ela não decepciona.
É sob o ponto de vista de sua enfermeira Marta Cabrera que o espectador acompanha a trama. Sua “compulsiva” sinceridade faz com que ela seja recrutada por Benoit para auxiliá-lo na investigação, dando início a um envolvente jogo de gato e rato. A partir daí, não é possível prever sequer de quais direções as reviravoltas virão. Mais crimes são cometidos e mais personagens são envolvidos no mistério principal.
O diretor também encontra tempo para fazer algum comentário social, especialmente sobre o quão longe os Thrombey estão dispostos a ir para manter seus privilégios, e como eles se negam a enxergar as benesses providas pelo falecido patriarca como tal. Além disso, enquanto pregam que Marta já é praticamente um membro da família, a maioria deles sequer sabe detalhes sobre sua vida pessoal, e mesmo os mais próximos se viram contra ela quando o caso toma certas direções.

Independente da temática, Entre Facas e Segredos é puro entretenimento e merece ser assistido na companhia de amigos e família. Como em qualquer bom mistério de assassinato, parte da diversão está em elaborar teorias e conferir quem acertou ou, pelo menos, quem estava mais próximo da verdade. A diferença é que, nesse exemplar, muito mais importante do que o final é o caminho percorrido até ele.







