Crítica: A Batalha Esquecida

De slag om de Schelde, Holanda, 2020



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★★★☆☆


Apesar do título, A Batalha Esquecida é muito mais sobre os antecedentes da Batalha do Rio Escalda do que sobre a batalha em si. Ao invés da ação quase constante de filmes como Dunkirk (crítica aqui) e 1917, a produção está mais próxima de thrillers de espionagem como A Espiã ou As Espiãs de Churchill. Entretanto, o ritmo lento é compensando por algumas poucas e fantásticas cenas de ação, que colocam o espectador no meio do caos das batalhas e jamais desviam o olhar de alguns dos aspectos mais chocantes da guerra.

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Ambientada na Holanda ocupada pelos nazistas, a história é contada sob o ponto de vista de três personagens: a jovem holandesa Teun (Susan Radder) se envolve com um movimento de resistência depois que seu irmão Dirk (Ronald Kalter) passa a ser procurado pelos invasores; o piloto inglês William (Jamie Flatters) e seus companheiros tentam sobreviver atrás das linhas inimigas depois de serem derrubados; e o jovem holandês Marinus (Gijs Blom), que é membro do exército alemão, começa a questionar sua lealdade ao regime nazista.

A trama é interessante mais por sua relevância histórica do que pelos dramas mostrados em tela. Sem o controle do Rio Escalda, os Aliados jamais teriam acesso por mar aos já conquistados portos da Antuérpia, cidade que fica no norte da Bélgica e próxima da fronteira com a Holanda. O porto se tornaria o principal ponto de entrada para os recursos e mantimentos que garantiram o avanço contra os nazistas e a chegada dos Aliados a Berlim.

Os dramas pessoais funcionam relativamente bem, mas eles servem mais como ponto de vista do que como atração principal. O fio narrativo do piloto inglês o conduz até o exército canadense, que é a principal força Aliada na região e o grande responsável pela tomada do Escalda. Já o ponto de vista de Marinus serve para mostrar o conflito sob o ponto de vista alemão, além de explorar a ambivalência de um soldado que serve ao exército que invadiu e ocupou seu país natal.

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Dentre as três subtramas, a de Teun é a mais imprevisível. Tanto ela quanto seu pai são colaboradores das forças invasoras, mas as circunstâncias a levam, com a ajuda de sua amiga Janna (Marthe Schneider), a ter um papel central na obtenção e na transmissão de informações para os Aliados. A resistência holandesa era majoritariamente não-violenta, focando em salvar as vidas dos civis perseguidos pelos nazistas e em fornecer inteligência para as forças libertadoras. Essa última função é muito bem representada em A Batalha Esquecida.

Tudo isso faz com que o filme funcione muito mais como uma aula de História do que como um envolvente drama de guerra. O que eleva o tom da produção são as pontuais e imersivas cenas de batalha, que, em sua maioria, ocorrem antes da ofensiva principal contra os alemães. A Batalha do Rio Escalda em si ocupa alguns poucos minutos das mais de duas horas de duração do filme, mas pelo menos sua história está sendo contada, diminuindo assim as chances de ela ser esquecida.

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