Crítica: The Chair
The Chair, EUA, 2021
Curta e politicamente relevante, série também serve como uma grande demostração do talento de Sandra Oh
★★★★☆
Com apenas seis episódios de trinta minutos cada, a comédia dramática The Chair consegue divertir e emocionar ao colocar a protagonista Ji-Yoon Kim (Sandra Oh) no centro de um turbilhão de problemas que mistura sua vida pessoal com sua vida profissional. O final é um tanto anticlimático, mas pelo menos não oferece respostas fáceis para as complexas questões levantadas ao longo dos episódios. A série também serve como uma intoxicante demostração dos talentos de Sandra Oh, que já havia impressionado em Killing Eve (crítica aqui) e que talvez esteja ainda mais impressionante aqui.

Para completar, ela também precisa lidar com os julgamentos de seu pai, Habi (Ji-yong Lee), e com a falta de “colaboração” de sua filha adotiva Ju-Hee (Everly Carganilla). Porém, a cabeça dura dos dois familiares nem se compara com o nível de intransigência que a protagonista encontra no ambiente acadêmico, no qual ela tenta conciliar as demandas de professores antigos, de novos professores, da administração da universidade e do corpo estudantil. Em muitos sentidos, The Chair aborda os impactos da passagem do tempo sobre um departamento acadêmico marcado pelo tradicionalismo.
Enquanto os acadêmicos que dedicaram décadas de suas vidas ao ensino já não se sentem valorizados pela instituição, professoras como Ji-Yoon e Yaz McKay (Nana Mensah) tentam aumentar a diversidade e manter as disciplinas revelantes para os estudantes do Século 21. Enquanto isso, o reitor Paul Larson (David Morse) está mais interessado em garantir a reputação e o financiamento da instituição, que são colocados em risco quando os estudantes interpretam um gesto irônico de Dobson da pior forma possível e começam uma “cruzada” contra o professor.

É como se os jovens estivessem utilizando técnicas conservadoras para defender posições progressistas. Da mesma forma que várias religiões tentam limitar o tratamento de certos temas, eles só aceitam que certos assuntos sejam tratados de forma solene e respeitosa (ou violenta e indignada), sem dar espaço para ironias ou satirizações. Na série, a situação chega a um ponto no qual não há nada que ninguém possa fazer ou dizer para aplacar a indignação dos estudantes, que se entregam ao comportamento de manada e não parecem estar interessados em quaisquer outros pontos de vista a não ser os próprios.
Um dos grandes feitos de The Chair é conseguir justapor essas demandas políticas e sociais com os problemas pessoais e profissionais de pessoas que estão em diferentes fases de suas vidas. Não é necessariamente um embate de forças progressistas contra forças reacionárias, ou entre pessoas que querem mudar tudo contra pessoas que não querem mudar nada. A divergência aqui está principalmente nos métodos utilizados e na velocidade da mudança, que são urgentes para os jovens que querem crescer em um mundo melhor e importantes ou desejáveis para os personagens que já passaram dos quarenta ou cinquenta anos de idade.
São essas demandas que Ji-Yoon precisa conciliar em sua nova posição enquanto também tenta estabelecer um equilíbrio na vida doméstica. The Chair pode não ser tão longa e profunda quanto muitos podem desejar, mas é divertida e relevante o suficiente para justificar suas três horas de duração. E mesmo se a história não fosse tão interessante, a atuação de Sandra Oh já seria uma das grandes atrações.







