Crítica: Samurai X – O Final
Rurôni Kenshin: Sai shûshô – The Final, Japão, 2021
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
Era de se esperar que Samurai X: O Final estivesse no mesmo nível dos três live actions anteriores, mas a produção os supera com certa facilidade. Enquanto nos outros filmes o longo tempo de duração era preenchido com muitos personagens e várias subtramas do mangá, nesse capítulo o diretor Keishi Ohtomo permite que o drama realmente se desenvolva. Isso aumenta o impacto emocional das batalhas e faz dessa a mais fiel das adaptações, reproduzindo não apenas a ação, mas também a emoção das histórias originais. Para completar, as batalhas, que prezam mais pela coreografia e intensidade do que pelo realismo, continuam fantásticas.
Os três primeiros filmes presentearam os fãs com representações em carne e osso dos mais populares personagens da franquia, mas tropeçaram várias vezes em termos de narrativa. Samurai X: O Filme foi incrível como introdução, mas já começou integrando diferentes elementos das histórias originais para formar uma nova narrativa, deixando-a bem familiar mas também bem diferente da original. Isso se agravou em Samurai X: O Inferno de Kyoto e Samurai X: O Fim de Uma Lenda, que levaram para a tela grande a saga do vilão Makoto Shishio (Tatsuya Fujiwara) enquanto a misturava com o aparecimento de Aoshi Shinomori (Yûsuke Iseya).

O inimigo que Kenshin enfrenta nesse filme o remete para o momento mais traumático de sua vida, que também foi o momento no qual ele ganhou a emblemática cicatriz em forma de X no rosto. Enishi Yukishiro (Mackenyu) é irmão da falecida esposa de Kenshin e está em busca de vingança. O vilão coloca em movimento um plano que visa causar uma completa destruição emocional e psicológica do protagonista, antes de finalmente matá-lo. A grande questão é que, de uma forma ou de outra, Kenshin realmente é o responsável pela morte da esposa, assim como é responsável por inúmeros outros assassinatos.
O aparecimento de Enishi traz à tona toda a culpa que Kenshin carrega na consciência, trazendo de volta um “inimigo” que o herói já enfrentou antes: a vontade de morrer. Sem saber como se redimir por seus crimes e com a certeza de que suas mãos estarão para sempre manchadas de sangue, ele já havia desenvolvido um certo desprendimento da própria existência. A forma que ele encontrou para lidar com isso foi passando a usar uma katana com a lâmina invertida (ou seja, apenas a parte de trás da lâmina é afiada, deixando a frente sem corte) e utilizando-a apenas para proteger os inocentes e oprimidos, mas jamais tirando a vida dos agressores. Em Samurai X: O Fim de Uma Lenda, ele precisou se inspirar em seu círculo de amigos para obter uma nova vontade viver e ser capaz de dominar uma técnica com a qual poderia derrotar o vilão.

Trechos desse próximo filme são mostrados em forma de flashbacks em Samurai X: O Final, o que era necessário para deixar claro todo o peso dramático da batalha contra Enishi, mas que estraga parte das surpresas da outra produção. Por enquanto, esse é o melhor filme em live action da franquia, se beneficiando dos alicerces estabelecidos nos filmes anteriores para contar uma história mais enxuta e integrar melhor os muitos personagens secundários, como Misao Makimachi (Tao Tsuchiya), Sawagejo Cho (Ryosuke Miura) e Seta Sojiro (Ryûnosuke Kamiki). Samurai X: A Origem tem tudo para superá-lo, mas, caso isso não aconteça, ainda vale a pena conferir o impressionante Rurouni Kenshin: Tsuiokuhen.
Atualização: Samurai X: A Origem foi lançado na Netflix no dia 30 de julho. Crítica aqui.







