Crítica: Vida (2017)
Life, EUA, 2017
Terror no espaço é um prato cheio para os fãs do gênero
★★★★☆
Vida pode não adicionar muito ao gênero das “ficções científicas nas quais cientistas ficam presos em uma nave espacial com uma criatura assassina à solta”, mas é muito eficiente em transportar o espectador para um ambiente de terror absoluto. Seja pelo claustrofóbico ambiente da realista estação espacial, seja pelo incômodo causado pelas angustiantes cenas de terror, ou seja pela implacabilidade do alienígena recém-descoberto, esse é um filme que consegue ser altamente eficiente e eficaz na execução de sua simples proposta.

A outra parte da eficiência desse terror vem de seu grande monstro: uma forma de vida que rapidamente cresce de um organismo unicelular para uma maleável e inteligente criatura que parece saída direto de um pesadelo. Não sendo suficiente o fato de que ela consegue se movimentar até por pequenas frestas nos ambientes de contenção, ela também mata suas vítimas de formas que levam ao mais absoluto horror corporal. As cenas nas quais a criatura ataca os humanos são comparáveis apenas à clássica cena do jantar em Alien – O Oitavo Passageiro, que é a mais óbvia influência de Vida.
Se alguma reflexão pode ser extraída dessa intensa viagem de ação e terror, certamente é sobre a fragilidade da vida humana diante da vastidão do espaço. Enquanto a criatura que os tripulantes enfrentam é resistente ao fogo, ao frio, à eletricidade e ao vácuo, nós estamos limitados a viver na atmosfera da Terra, um ambiente absurdamente controlado se comparado às condições extremas de outros planetas conhecidos.
Em outras palavras, a vida a humana é compatível apenas com o sensível bioma formado pela fina camada de gases (mais especificamente, a troposfera) ao redor de um pequeno planeta que gira em torno de uma das trilhões de estrelas que compõem o universo conhecido. Encontrar outro planeta que possua exatamente as mesmas condições seria muito mais sorte que acertar na loteria. E não é que o planeta Terra coincidentemente seja perfeito para abrigar nossa forma de vida, mas sim que nossa forma de vida evoluiu precisamente para se adaptar a esse planeta.

Aqui, os astronautas conseguem se manter racionais o suficiente para fazer tudo certo, ou, ao menos, racionalizando os riscos antes de contar com a sorte. Infelizmente, isso só aumenta o terror, pois, independente de suas contramedidas, a criatura parece ser uma força da natureza que não pode ser contida.
Vida deve agradar tanto os fãs do gênero quanto os espectadores ocasionais. Sem nenhuma mensagem mais profunda, o filme é uma montanha-russa de suspense e terror com um final, no mínimo, ousado.







