Crítica: Eu Me Importo
I Care a Lot, EUA, 2020
Apesar da ótima atuação central, filme se perde dentre as muitas inconsistências no roteiro
★★☆☆☆
Em Eu Me Importo, o que poderia ser uma inteligente e afiada sátira sobre o sistema econômico se reduz a uma comédia de humor negro sobre a rivalidade entre uma golpista e um mafioso. A primeira metade até funciona razoavelmente bem, apesar de uma narrativa simples e sem inspiração que adiciona muita pouca tensão e intensidade à história. Porém, na segunda metade, as inconsistências começam a se acumular umas sobre as outras a ponto de comprometer a suspensão da descrença e o interesse do espectador.

O roteiro também erra ao não manter um tom consistente entre os personagens e as situações. Grayson parece ser a única personagem capaz de usar de subornos e corrupção para conseguir o que quer, deixando Lunyov com algumas tentativas atrapalhadas de libertar a própria mãe, Jennifer Peterson (Dianne Wiest). Além disso, em alguns momentos a protagonista parece não ter nenhum senso de autopreservação, enquanto em outros luta pela própria vida e arma planos mirabolantes para salvar a si e a sua parceira Fran (Eiza González). E há também o caso dos matadores que são apresentados como extremamente profissionais mas que se mostram extremamente incompetentes em uma única noite.
No geral, Eu Me Importo está longe do nível de outros filmes sobre psicopatas com elementos de humor negro, como O Abutre e Sexy Beast. O filme poderia pelo menos entregar sua mensagem com a mesma eficácia do drama O Tigre Branco (crítica aqui) ou ir na direção de ótimos filmes como Má Educação (crítica aqui) e O Lobo de Wall Street. A corrupção em pequena escala de Má Educação até possui paralelos com os médicos e cuidadores envolvidos nos esquemas de Grayson.








