Crítica: A Escavação
The Dig, Reino Unido/EUA, 2021
Netflix · Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
É impressionante a quantidade de história que o diretor Simon Stone conseguiu encaixar nas duas horas de A Escavação. O filme sequer possui uma introdução “tradicional”, investindo na trama principal desde os primeiros momentos da narrativa. Antes da marca dos cinco minutos, os protagonistas se conhecem e vão sendo apresentados junto com a situação que os tornaria famosos: a escavação do sítio arqueológico de Sutton Hoo. É uma marcha tão rápida que o espectador fica imaginando com o que é que resto da produção será preenchido. Felizmente, muitas boas surpresas ocorrem na sequência.

Vale lembrar que essas são versões fictícias dessas pessoas, reimaginadas no livro no qual o filme é baseado. Rory Lomax, por exemplo, é um personagem inteiramente fictício. A ideia da história não é ser uma representação fiel daqueles acontecimentos, mas sim uma homenagem às pessoas envolvidas naquela descoberta e uma reflexão sobre a vida, a morte e a passagem do tempo em um Universo cujo tamanho ainda nos é desconhecido.
Ao encontrarem artefatos de pessoas que viveram há mil anos, os personagens colocam suas próprias vidas em perspectiva. Depois de enfrentar a solidão causada pela perda do marido, Edith precisa agora encarar a própria mortalidade diante de uma doença que está fadada a custar-lhe a vida. Enquanto isso, Basil está preocupado com o legado que ele deixará para o futuro e em como ele entrará para a eternidade: será reconhecido pela sua descoberta ou apenas mais um anônimo como os bilhões de outros que já passaram pela Terra? Já Peggy se vê lidando com algumas frustrações da vida e com oportunidades perdidas que talvez ele jamais terá novamente.

A Escavação é um tanto pesado no melodrama, mas as sensíveis e equilibradas atuações de Mulligan e Fiennes dão ao material a autenticidade do qual ele precisa. Em seus melhores momentos, o filme lembra o clássico Vestígios do Dia, que, inclusive, também é ambientado na Inglaterra rural dos anos 1930. A nova produção parece ter sido feita sob medida para os fãs dos clássicos dramas de época da Merchant Ivory Productions, que recentemente lançou o aclamado Me Chame Pelo Seu Nome.







