Crítica: Rogue One – Uma História Star Wars
Rogue One, EUA, 2016
Filme mostra uma guerra mais realista e deve agradar fãs e espectadores ocasionais
★★★★☆
Na cena de abertura de Star Wars: Uma Nova Esperança, vemos a nave diplomática que leva a Princesa Leia Organa (Carrie Fisher) sendo perseguida por um Destroyer do Império Galático. A cena termina com a nave diplomática sendo capturada e vasculhada por pelotões de stormtroopers, que, sob as ordens do próprio Darth Vader (David Prowse e James Earl Jones), estão em busca dos planos de construção da primeira Estrela da Morte, recentemente roubados por espiões da Aliança Rebelde. Rogue One: Uma História Star Wars mostra não apenas o início dessa perseguição, mas também como uma pequena equipe de rebeldes vai até as última consequências para roubar os mencionados planos, dando à Aliança um fio de esperança para aniquilar a mais poderosa arma de destruição em massa do Universo.
Um dos principais méritos de Rogue One é ser o primeiro filme da Saga Star Wars a tratar o conflito armado entre a Aliança e o Império com um autêntico tom de realismo, chegando a incomodar o espectador em alguns momentos. Não é pra se esperar algo como O Resgate do Soldado Ryan, mas também não se trata de Ewoks fofinhos montando armadilhas e derrubando stormtroopers de seu veículos. Enquanto em outros filmes a Aliança Rebelde parece seguir todas as regras de um combate honrado, aqui vemos algo que se aproxima mais de uma guerra do mundo real: stormtroopers e informantes são executados sem maiores considerações, e soldados marcados pela guerra se dedicam a ela não apenas por questões ideológicas, mas também porque essa é a única coisa que fizeram durante a vida e é só o que sabem fazer. Temos inclusive uma facção extremista da Aliança, que é liderada pelo fanático Saw Gerrera (Forest Whitaker), que tem um papel central no início da trama.

Mas nada disso prenderia o espectador sem um bem construído fundo dramático para toda essa ação, e é exatamente isso o que encontramos no grupo de indivíduos, marcados pela vida e pela guerra, que na segunda metade do filme passa a ser liderado por Jyn Erso (Felicity Jones). Enquanto os traumas da infância e da adolescência definem a personalidade de Jyn, Cassian Andor (Diego Luna) passou a maior partes dessas fases de sua vida sendo um soldado, o que ele ainda é. Seu parceiro é o androide imperial reprogramado K-2SO (Alan Tudyk), que é comicamente sincero e temperamental. Junta-se a eles Bhodi Rook, um ex-piloto imperial em busca de redenção pelos atos que cometeu no passado. Por fim, temos os ótimos Chirrut (Donnie Yen) e Baze (Wen Jiang), dois ex-guardiões de um templo sagrado que dominam cada cena na qual aparecem, seja na ação ou nos momentos que evidenciam a bela e divertida amizade entre eles. Se alguns desses personagens se tornarem inesquecíveis (e há uma boa chance disso) será menos pela forma como foram escritos e mais pela forma como foram interpretados por esse experiente grupo de atores. Por falar em experiência, vale notar que Ben Mendelsohn faz um memorável Diretor Krennic, o que pode ser dito de qualquer personagem interpretado pelo ator. Nenhuma surpresa aqui.

Todos os pontos positivos mencionados nos parágrafos anteriores fazem de Rogue One: Uma História Star Wars um ótimo filme de ação que pode ser apreciado por qualquer espectador. Porém, são para os fãs da Saga Star Wars que esse filme é o melhor presente de Natal que eles poderiam receber. Ainda que alguns fãs possam torcer o nariz para alguns aspectos (não consigo nem imaginar quais, mas fãs são fãs), apenas as cenas com personagens da trilogia clássica já devem valer o ingresso. Alguns desses personagens fazem aparições especiais (com direito a uma aparição MUITO especial nos instantes finais), enquanto outros são realmente personagens dessa trama. Dentre esses últimos, o destaque fica para Darth Vader (mais uma vez na voz de James Earl Jones), que faz duas grandes participações. Na primeira, temos o icônico personagem em toda sua imponência e com vários de seus trejeitos clássicos. Já na segunda… bom, digo apenas que ninguém vai se recuperar daquela cena rapidamente. O terror é absoluto.
Por fim, Rogue One não chega a realmente expandir o universo Star Wars, mas é muito bem sucedido em mostrar esse mesmo universo sob um ponto de vista diferente. Apesar de não serem realmente necessárias, mais entradas como essa são muito bem vindas, e podem adicionar um ótimo ar de originalidade na franquia ao explorar esse universo para além da mitologia dos Jedi.







