Crítica – Task: Unidade Especial

Task, EUA, 2025



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★★★★★


À primeira vista, Task: Unidade Especial é mais uma minissérie de investigação nos moldes de muitas outras conhecidas pelo público. Porém, dessa vez, o criador Brad Ingelsby combina os ingredientes de uma forma que maximiza o suspense e o impacto emocional dos acontecimentos. Indo mais fundo, é possível perceber como a série também trata de temas como fé, redenção e a busca pela felicidade. O resultado não apenas supera a aclamada Mare of Easttown (que também foi criada por Ingelsby), mas também chega muito perto de se igualar à primeira temporada de True Detective.

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Assim como em Mare of Easttown, Task segue a fórmula básica de mesclar os problemas pessoais e familiares dos personagens com um típico mistério policial. Na trama, o FBI monta uma força tarefa com a colaboração de outras forças policiais do estado da Pensilvânia, com o objetivo de identificar os autores de uma série de assaltos a pontos de drogas nos Condado de Delaware (conhecido como Delco, de Delaware County). O caso se complica ainda no primeiro episódio, quando um dos assaltos dá errado e resulta em vários assassinatos e em um sequestro.

A narrativa acompanha tanto os movimentos da força tarefa liderada pelo agente especial Tom Brandis (Mark Ruffalo) quanto os movimentos dos assaltantes, que são liderados por Robbie Prendergrast (Tom Pelphrey). Há ainda o ponto de vista da gangue de motoqueiros Dark Hearts, que é quem controla a maior parte dos pontos de drogas da região. O líder do capítulo local é Jayson Wilkes (Sam Keeley), mas seu mentor Perry Dorazo (Jamie McShane) chega na cidade para ajudá-lo a controlar a situação.

Com todos esses pontos de vista às claras, percebe-se que Task não tem um grande mistério que só será desvendado no episódio final. Mesmo os pequenos mistérios que são apresentados em cada episódio acabam sendo revelados nos episódios seguintes. Sem grandes segredos, a narrativa pode se concentrar em desenvolver dramas angustiantes e em mostrar o jogo de gato e rato no qual os investigadores, os assaltantes e os traficantes de drogas estão envolvidos. Esse e outros aspectos fazem com que a produção lembre tanto séries como Sons of Anarchy e The Fall quanto o filme Os Infiltrados.

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Apesar de tudo isso, Task também é sobre como as pessoas reagem a eventos traumáticos e acabam criando prisões para si próprias. Ao longo dos episódios, é possível perceber que vários dos personagens já estavam há muitos anos fazendo escolhas que os deixavam encurralados e limitavam suas possibilidades de futuro. Agora, com várias situações chegando a pontos de ebulição, eles têm pouco tempo para tentar corrigir suas trajetórias e evitar serem arrastados pelas enxurradas de consequências.

A situação mais complicada é a criada por Robbie, que ainda nutre sonhos de felicidade. Em busca de uma vingança e de uma vida melhor para a sua família, ele acredita que suas ações são moralmente justificadas e que, de alguma forma, tudo irá dar certo no final. Mesmo quando as coisas começam a ficar completamente fora de controle e sua margem de manobra vai ficando cada vez mais restrita, ele ainda é capaz de ter certeza absoluta de que irá encontrar uma saída milagrosa daquela situação completamente insustentável.

Mas suas ações também encurralam a sua sobrinha Maeve (Emilia Jones), que mais uma vez sente o peso do mundo sobre os seus ombros. Aos vinte anos de idade, além de já ter perdido seu pai, é ela quem de fato está cuidando dos dois filhos de Robbie. Quando ele traz para casa os problemas criados por seus crimes, isso cria mais situações absurdas com as quais ela tem que lidar. Suas lutas e sua resiliência fazem dela uma das personagens mais queridas da trama.

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Já Tom Brandis é um ex-padre que se tornou agente do FBI e que ainda está abalado pela perda de sua esposa em um crime trágico. Mesmo amargo e desiludido, ele ainda tenta manter o que restou de sua família, apesar de não saber o que fazer com o misto de sentimentos causado pela tragédia. O que ele não esperava é que o caso investigado pela sua força tarefa o ajudaria a entrar em contato com um lado seu que ele achava ter perdido.

E assim, a trama de Task conta a história de como um criminoso ingênuo e sonhador acabou ajudando um ex-padre a reencontrar a sua fé. Nessa jornada espiritual, Tom reencontra a sua essência em alguns dos valores fundamentais do cristianismo: justiça, perdão, compaixão, caridade e amor ao próximo. Ao invés de se entregar à mediocridade e à desilusão, ele mais uma vez dá um salto de fé e ajuda as pessoas que ele pode ajudar. Não porque seja fácil ou porque ele espere algo em troca, mas sim porque é a coisa certa a ser feita.

As incríveis atuações do elenco central são vitais para garantir que tudo isso funcione nos mais diversos níveis. Há em Task uma envolvente história policial, um suspense de ação de tirar o fôlego e emocionantes dramas humanos que podem nos levar a muitas reflexões morais e filosóficas. O fato de que tudo isso é empacotado em sete satisfatórios episódios já é um milagre por si só. Assim como a recente Millie Black, essa é mais uma ótima surpresa da HBO.