Crítica: Shazam! Fúria dos Deuses

Shazam! Fury of the Gods, EUA, 2023

Trailer · Filmow · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆

O clima de Sessão da Tarde permanece em Shazam! Fúria dos Deuses, e isso não é um problema. Assim como o primeiro filme, a produção captura perfeitamente a vibe de comédia de ação para toda a família, chegando a ter momentos genuinamente tocantes enquanto seus personagens superam dificuldades, amadurecem e aprendem valiosas lições de vida. Além disso, a trama e as cenas de ação são grandiosas e épicas o suficiente para quem também estiver a fim de um pouco de adrenalina.

Ao contrário do mediano Adão Negro, Fúria dos Deuses realmente tem uma história para contar. A trama não apenas lida com a épica ameaça que chega com as Filhas de Atlas, mas também com as jornadas individuais de Billy Batson (Asher Angel) e Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer) na medida em que os dois adolescentes tentam lidar com suas inseguranças e com as muitas mudanças ocorrendo em suas vidas. Nesse sentido, a atuação de Grazer faz toda a diferença para imbuir suas cenas com altos graus de emoção, humor e dramaticidade.

Enquanto Freddy lida com uma complicada situação com seu novo crush, Billy tenta manter a coesão e a unidade de sua atual família. Se no primeiro filme o personagem tenta desesperadamente encontrar um lar que o aceite, nessa continuação ele está focado em manter o status quo na família encontrada, utilizando os super-poderes compartilhados como uma forma de justificar a centralização e a interdependência. Obviamente, seus irmãos e irmãs têm diferentes pontos de vista e não se encaixam na fantasia de família ideal do protagonista.

Além do aspecto dramático e de um roteiro que se mantém em constante movimento, Shazam! Fúria dos Deuses também se beneficia da participação de Helen Mirren e Lucy Liu como duas das Filhas de Atlas. As atrizes fazem as caricatas vilãs funcionarem razoavelmente bem e emprestam a elas grandes quantidades de gravidade e seriedade. Em mãos menos experientes, as personagens poderiam ser o ponto fraco do filme; com elas, o espectador pode até ficar curioso para conhecer mais detalhes do passado e do relacionamento entre as irmãs.

A morna recepção que o filme vem recebendo da crítica e de uma parte do público é muito mais um resultado dos dramas e novidades nos bastidores do que da produção em si. Por mais que Shazam! Fúria dos Deuses não se encaixe apropriadamente nem no passado e nem no futuro do DCEU, o filme funciona muito bem como continuação e como uma aventura isolada dos juvenis super-heróis no centro da trama. O resultado é até mais satisfatório e consistente do que as mais recentes entradas do MCU, Thor: Amor e Trovão e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania.

Com ótimos efeitos especiais, ótimas cenas de ação e momentos de humor que geralmente funcionam muito bem, Shazam! Fúria dos Deuses nos leva de volta para o clima e para a abordagem das primeiras histórias em quadrinhos, mostrando super-heróis salvando o dia e lidando com ameaças desconhecidas. Obviamente, a produção não contém grandes inovações e nem deve agradar a quem leva os filmes de super-heróis a sério demais. Porém, a trama garante duas horas de diversão leve e casual para quem estiver interessado nisso.