10 Características de Personalidades Autoritárias
Em diversos espectros ou campos políticos, religiosos e profissionais, é possível encontrar pessoas que operam com base no excesso de controle e na agressividade. Essas tendências individuais podem resultar em movimentos que afetam as vidas de milhões de seres humanos e que deixam marcas na História da humanidade. Entender os fatores que levam ao surgimento de personalidades autoritárias é vital para se construir um mundo mais pacífico, baseado na segurança e na cooperação.
As características listadas abaixo representam um bom começo para esse entendimento. Confira!
1. Insegurança e falta de senso de identidade
A característica mais básica de uma pessoa de personalidade autoritária é a insegurança, que pode vir acompanhada de deficiências em seu senso de identidade. Dessa forma, o indivíduo terá sérias dificuldades em lidar com ansiedades existenciais e com a própria auto-estima, revelando uma baixa resiliência diante das coisas da vida e uma fraca composição de seu universo interior.
Diante disso, a única forma que ele enxerga de se manter seguro e de manter a coerência de sua frágil identidade é tentando controlar o mundo externo. Em outras palavras, ele precisa que o mundo ao seu redor se adapte a sua existência, e não o contrário.
2. Apreço pela obediência e pela conformidade
Para uma pessoa autoritária, o fato de que existem outras formas de se fazer as coisas e outros tipos de experiências de vida pode ser ameaçador. Para se sentir segura, a personalidade autoritária precisa estar cercada de pessoas que pensam de forma semelhante e que não desafiem os seus pontos de vista.
É por isso que as pessoas com esse tipo de personalidade podem recorrer a figuras autoritárias, às quais elas vão dedicar lealdade e obediência cegas. Diante da promessa de conformidade, a pessoa abre mão do próprio senso crítico e se dedica à autoridade como se ela fosse inquestionável. Essa “autoridade” também pode vir na forma de crenças ou costumes vistos como ideais, o que justificaria qualquer coisa feita em nome deles.
Esse desejo de conformidade também pode levar a comportamentos excludentes e preconceituosos, levando a pessoa a se considerar parte de um grupo superior (seja étnico, moral, ideológico, religioso, etc.) e defendendo a punição ou a segregação de quem for visto como “diferente”.
3. Necessidade de controle e dominação
Assim, não é uma surpresa que essas pessoas sempre tenham a necessidade de garantir que alguém está no controle absoluto das situações, sejam elas mesmas ou autoridades que representem os seus pontos de vista. Apesar de muitas vezes se dizerem defensoras da independência e das liberdades individuais, elas podem se tornar extremamente controladoras se essas liberdades forem utilizadas de formas que elas não utilizariam.
É por isso que certos tipos de personalidade autoritárias de opõem à promiscuidade e a outras práticas sexuais que não são criminosas. Esse tipo de variação comportamental é visto como uma ameaça não porque cause prejuízos a alguém, mas sim porque causa algum tipo de desconforto com o qual essas pessoas não sabem lidar.
4. Agressividade e passividade seletivas
Geralmente, a pessoa autoritária também precisa acreditar em rígidas e hierárquicas estruturas de poder. Nesse contexto, elas podem ser extremamente dóceis e passivas com seus superiores, enquanto são agressivas e abusivas com seus subordinados. Muitas vezes, essa agressividade “para baixo” é a forma que a pessoa tem de “descontar” a agressividade recebida “de cima”.
As raízes desse comportamento podem estar na infância de pessoas que cresceram com pais abusivos e autoritários. Assim como a criança não podia ou não queria desafiar a autoridade (supostamente amável e protetora) dos pais, o adulto não se vê capaz de questionar a autoridade ou os abusos vindos de níveis superiores na hierarquia. Assim, tudo o que lhe resta é extravasar suas frustrações para pessoas que também não podem ou não querem questionar a autoridade hierárquica.
Nos piores casos, uma posição de autoridade pode significar uma posição de impunidade, com a pessoa aproveitando o seu status para se sentir intocável e para cometer diferentes tipos de abusos de poder. Esse é o tipo de pessoa que está interessada no poder pelo poder, sem se preocupar com mais nada a não ser satisfazer seus caprichos e suas vontades.
5. Baixa capacidade de empatia
As inseguranças e a fraca composição psíquica também fazem com que seja muito difícil para essas pessoas se colocarem no lugar de outras. Como se veem como figuras injustiçadas, desprivilegiadas ou vitimizadas, elas estão o tempo inteiro tentando garantir os próprios interesses, independente de como esses interesses possam prejudicar as vidas dos outros. Indo além, elas acreditam que tudo o que elas fizerem em nome de seus interesses (ou de seus valores, costumes e ideais) está automaticamente justificado.
Isso também revela uma tendência a desumanizar quaisquer pessoas que não concordem com elas, que sejam diferentes ou que fiquem no caminho de seus objetivos. Essa desumanização pode afetar até mesmo aliados, que podem se tornar “inconvenientes” ou “concorrentes” caso não estejam 100% alinhados.
6. Falta de criatividade e de flexibilidade cognitiva
Os medos e as inseguranças que marcam as personalidades autoritárias fazem com que elas se agarrem desesperadamente a ideias fixas e a estruturas de crenças tão rígidas quanto inquestionáveis. Por esse motivo, não há espaço para a criatividade ou para o questionamento de estruturas estabelecidas. A ambiguidade e a subjetividade de trabalhos artísticos ou acadêmicos acabam se tornando fontes de ameaça ou desconforto.
Sem flexibilidade cognitiva, a pessoa não estará disposta a rever as próprias ideias e costumes diante de novas conclusões ou interpretações baseadas em estudos científicos ou reflexões filosóficas. Para que a pessoa sinta que o mundo está seguro, só pode haver uma única fonte da verdade, e ela deve ser inquestionável.
Em casos mais graves, a pessoa pode ficar obcecada com eventos históricos (revoluções, guerras, falências, surgimento de impérios, surgimento de figuras messiânicas, etc.) e irá tentar ativamente repetir a História.
7. Projeção de medos irracionais
A fragilidade da personalidade autoritária também faz com que ela se torne extremamente covarde e paranoica. Isso leva seus detentores a sempre se sentirem ameaçados pelo mundo ao seu redor, o que os ajuda a justificar as medidas autoritárias que irão impor seus pontos de vista ao restante do grupo. É por isso que o pânico moral é uma das principais armas de regimes autoritários.
Muitas vezes, um problema real pode ser apresentado de forma exagerada justamente para causar medo e tornar a população mais susceptível a apoiar medidas autoritárias. Também é possível que, em momentos de incertezas econômicas ou de crises de segurança pública, as pessoas recorram a líderes vistos como “fortes” e “protetores” para resolver o problema de forma rápida e definitiva. Isso, é claro, nunca acontece, mas essa ilusão sempre volta em momentos de desespero.
8. Projeção de força e poder
As inseguranças e esses medos irracionais também explicam o fato de que essas pessoas estão sempre tentando projetar força e poder. Como sempre se consideram ameaçadas ou encurraladas, elas sentem a necessidade de se defenderem mesmo quando não estão sendo realmente atacadas. Dessa forma, se alguém discorda delas ou apresenta uma forma alternativa de se fazer algo, elas podem reagir de forma completamente desproporcional.
A agressividade constante se torna então uma barreira protetora, ou uma retaliação por algo que ainda não aconteceu ou que sequer é um ataque.
9. Comportamento mais instintivo do que reflexivo
Percebe-se então que a personalidade autoritária é muito mais reativa do que reflexiva. A maioria de suas atitudes acabam sendo reações mal calculadas para problemas reais ou imaginários que causam medo, insegurança ou desconforto. A pessoa não dedica tempo para avaliar se a ameaça é real, se a sua reação é proporcional ou se a suas ações terão consequências negativas para ela mesma ou para as pessoas ao seu redor. Ao reagir sem pensar, a pessoa acaba exibindo uma grande falta de inteligência emocional.
Isso também leva a um certo nível de pensamento mágico, com a pessoa esperando que seus problemas sejam resolvidos conforme ela vai reagindo sem pensar no dia a dia ou apoiando líderes autoritários para “consertar” rapidamente seu país ou sua organização.
10. Destrutividade
E quando nada disso dá certo ou a situação não fica exatamente como a pessoa de personalidade autoritária gostaria, ela estará disposta a extravasar a sua frustração por meio de ainda mais agressividade e até mesmo de sabotagem e destruição. Aquilo que ela não consegue controlar, ela tenta destruir. Essa frustração pode se manifestar, inclusive, como uma pulsão de morte, levando a pessoa a tomar ações que irão, de forma consciente ou inconsciente, levar à própria aniquilação.
Mesmo antes disso, a destrutividade já é uma característica de muitas propostas autoritárias. Geralmente, a visão autoritária está muito mais interessada em destruir o que existe para voltar a um momento visto como simples e puro, e não em construir algo novo e inovador. Há uma constante tentativa de se voltar a uma situação bucólica, seja na “simplicidade” de um passado idealizado ou na “pureza” da inexistência.
Veja também:
- 7 características das pessoas autoritárias de acordo com a psicologia
- A formação da personalidade autoritária
- Pessoas Autoritárias – Entendendo o Comportamento e como Lidar com Elas