Crítica – Predador: Terras Selvagens

Predator: Badlands, EUA, 2025



Trailer · Letterboxd · IMDB · RottenTomatoes

★★★★☆


Não é que a história de Predador: Terras Selvagens seja extremamente original ou que o filme seja, de alguma forma, inesquecível. Porém, o diretor Dan Trachtenberg consegue mais uma vez costurar uma trama que expande o universo de Predador enquanto oferece ótimos momentos de ação e adrenalina. Ele já havia feito isso em O Predador: A Caçada e na animação Predador: Assassino de Assassinos, e agora ele repete a dose enquanto insere ainda mais novidades e lida com dois desafios específicos.

O primeiro desses desafios é o fato de que, dessa vez, o seu protagonista é um dos “predadores”. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi) é um membro da raça alienígena Yautja, que foi idealizada para ser a grande antagonista de Arnold Schwarzenegger em O Predador, filme de 1987. Nas várias continuações, outros membros dessa espécie aterrorizaram seres humanos no passado e no futuro. Agora, essa é a primeira vez que a história é contada sob o ponto de vista de um deles.

Para permitir que nós humanos nos identifiquemos com a trama, o diretor inseriu a androide Thia (Elle Fanning) para acompanhar Dek durante uma caçada em dos planetas mais perigosos do universo. Ela é parte de uma expedição composta apenas por androides da Weyland-Yutani, uma corporação terráquea que foi introduzida no universo de Alien: O Oitavo Passageiro e cuja liderança apareceu recentemente na série Alien: Earth.

A presença da Weyland-Yutani aqui confirma que os xenomorfos e os predadores existem no mesmo universo, o que abre a possibilidade de que outras obras envolvendo essas criaturas sejam feitas no futuro próximo. Obviamente, essa combinação já foi explorada nos filmes Alien vs Predador e Alien vs Predador 2, mas os resultados foram tão questionáveis que tanto o público quanto os realizadores vão preferir fingir que esses filmes nunca existiram.

O outro grande desafio enfrentado pelo diretor de Predador: Terras Selvagens é o fato de que esse filme tem a classificação indicativa PG-13 nos EUA. Isso significa que a obra não pode conter muitos diálogos com palavrões e nem pode mostrar imagens realistas de violência extrema. Para quem conhece os filmes anteriores da franquia, a ausência desses elementos poderia descaracterizar complemente a produção.

Porém, o diretor contorna isso ao não incluir personagens humanos na trama. Dessa forma, todos as mortes e desmembramentos que ocorrem são de “monstros” ou de androides, e o único sangue mostrado é o sangue verde fluorescente de Dek. Além disso, todos os androides são interpretados apenas por dois atores: a já citada Fanning e o dublê Cameron Brown, que dá vida ao impessoal exército de “drones” da Weyland-Yutani.

E assim, Predador: Terras Selvagens pode mostrar intensas e violentas cenas de ação enquanto não impede que o público adolescente entre no cinema e potencializa o retorno financeiro para o estúdio. Incrivelmente, esse subterfúgio não prejudica a trama e até a torna mais palatável para quem se chocou com a violência extrema de O Predador: A Caçada e de Predador: Assassino de Assassinos, produções que, em determinados momentos, mostram seres humanos sendo despedaçados pelos predadores.

Para completar, a trama conta com ótimas reviravoltas e com interessantes desenvolvimentos emocionais. Talvez não seja por acidente que o drama central de Dek seja muito semelhante ao drama central da protagonista de A Caçada, Naru (Amber Midthunder), traçando um paralelo entre duas histórias separadas por vários séculos e por vários anos-luz. Com a ajuda da tecnologia de criogenia introduzida em Assassino de Assassinos, não é impossível que Dek e Naru se encontrem em um filme futuro.