Crítica – F1: O Filme
F1 The Movie, EUA, 2025
Trailer · Letterboxd · IMDB · RottenTomatoes
★★★★☆
Desde as primeiras imagens e o primeiro trailer, já havia ficado claro que uma das principais razões para a existência de F1: O Filme era a divulgação do esporte, especificamente da categoria Fórmula 1. Felizmente, esse filme-divulgação é bom o suficiente para se justificar como cinema, sendo capaz de manter o espectador em suspense constante durante as eletrizantes cenas de corrida. A trama em si é relativamente previsível, mas os momentos de ação garantem toda a emoção e toda a adrenalina que o espectador poderia esperar.
No centro da trama, há a relação entre os pilotos Sonny Hayes (Brad Pitt) e Joshua Pearce (Damson Idris), membros da problemática e fictícia equipe Apex. Enquanto Pearce é um jovem e promissor piloto, Hayes é um ex-piloto de Fórmula 1 que sai da aposentadoria para tentar ajudar o ex-colega Ruben Cervantes (Javier Bardem), diretor executivo da Apex. Eles também precisam lidar com o diretor técnico Kaspar Smolinski (Kim Bodnia) e com a engenheira-chefe Kate McKenna (Kerry Condon).
Esses personagens são relativamente bem desenvolvidos, mas jamais seriam suficientes para sustentar um drama de duas horas e meia de duração. É aí que entra a expertise do diretor Joseph Kosinski, responsável pela potente e precisa “máquina” que é o filme Top Gun: Maverick. Aqui, ele mais uma vez costura um típico blockbuster de verão dos EUA, sem tentar ser nada mais sofisticado e profundo do que precisa ser.
F1 bem que poderia tentar ser um novo Rush: No Limite da Emoção, mas não foi dessa vez que a épica rivalidade da vida real mostrada naquele filme foi superada. A produção também não alcança o nível dramático de Ford vs Ferrari e nem o cru realismo do clássico Grand Prix, ficando mais próxima do recente Gran Turismo. Ainda assim, é bem possível que F1 garanta seu lugar dentre os melhores filmes de corrida já feitos.
Para quem acompanha essa categoria automobilística, F1 vem carregado de participações especiais tanto de pilotos quanto de outros envolvidos no dia a dia das corridas na vida real. A produção do filme chegou a acompanhar e filmar cenas durante as temporadas de 2023 e 2024. A história conta, inclusive, com duelos entre os personagens fictícios e pilotos da vida real, como Max Verstappen e Lewis Hamilton, que também é um dos produtores do filme.
Porém, o dia a dia das corridas de Fórmula 1 não é o suficiente para uma produção como F1: O Filme. Para aumentar a dramaticidade e inserir algumas novidades, a trama mostra Hayes utilizando métodos nada convencionais (e nada éticos) para viabilizar a improvável volta por cima da Apex, já que a equipe estava há duas temporadas sem marcar um único ponto na competição. Apesar de criar uma fama de bad boy, Hayes consegue se manter em uma zona cinzenta o suficiente para evitar punições sérias.
No início da trama, o grande problema de Hayes parece ser a comunicação. Ele implementa ousadas estratégias sem avisar ao restante da equipe, surpreendendo a todos durante as corridas. Talvez a ideia da narrativa seja mostrar Hayes como um piloto mais experiente e mais criativo, sempre pensando fora da caixa e sendo capaz de pensar em artimanhas que ninguém mais consegue imaginar. Mas esse estilo também é marcado por um certo nível de irresponsabilidade.
Ao invés de convencer a equipe e contar com o apoio de todos, ele parte do pressuposto de que todos os envolvidos vão fazer exatamente o que ele disser durante as corridas, no calor do momento. Isso causa atrasos, improvisação e um caos quase generalizado. É assim que ele quase causa uma tragédia e que algumas tragédias já aconteceram na vida real.
Felizmente, F1: O Filme também é sobre o amadurecimento de dois pilotos que começam como rivais e que aprendem, a duras penas, a trabalharem em equipe. A história em si pode não ser inesquecível, mas essa pode ser uma intensa e memorável experiência cinematográfica, beneficiada por visuais estilosos e por uma marcante trilha sonora de Hans Zimmer. A trama também oferece algo extra em termos de realismo, já que combina o mundo fictício com as pessoas que fazem parte do mundo real representado na produção.