Top 10 Infinitividades: As Melhores Séries do Segundo Semestre de 2019

10. The Boys – 1ª Temporada


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Ao mostrar um mundo no qual poderosos super-heróis são tratados e gerenciados como rentáveis personalidades públicas, The Boys satiriza inúmeros aspectos das nossas atuais sociedades, a começar pelo culto às celebridades. A série também explora as consequências de se ter pessoas altamente poderosas interessadas apenas em manter a imagem que apresentam ao público ou em exercer poder sobre ele, resultando em figuras que variam entre a apatia e a sociopatia.

Enquanto Billy Butcher (Karl Urban) monta uma equipe de vigilantes para tentar colocar os super-heróis em xeque (ou se vingar deles), a executiva Madelyn Stillwell (Elisabeth Shue) tenta expandir o alcance dos negócios proporcionados por eles. Dominantes nas indústrias do entretenimento e da publicidade, ela tenta levá-los para a área de segurança pública de mais cidades e também integrá-los ao complexo industrial-militar, que é dominado por empresas como a Lockheed Martin e a Northrop Grumman.

Caprichada na ação e no humor negro, The Boys vai fundo ao mostrar a manipulação e o abuso de poder (que envolve corrupção, chantagens, estupros e outros crimes) causado não apenas pelos super-humanos, mas também pela adoração cega que a população em geral tem por eles.

9. The Mandalorian – 1ª Temporada

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The Mandalorian responde com sucesso uma inusitada hipótese: como seria uma série de faroeste ambientada no universo de Star Wars? A queda do Império (ocorrida em Star Wars: O Retorno de Jedi) fornece a ambientação perfeita para essa abordagem, com caçadores de recompensa agindo livremente em uma galáxia sem lei e sem ordem. Enquanto alguns personagens seguem estritos códigos de honra, para outros a única bússola moral é o gatilho.

A história poderia ser mais sombria e dramática, mas o criador Jon Favreau jamais abre mão do estilo claramente inspirado nos faroestes espaguete, caracterizados pela pouca conversa e muita ação. É possível ver também a influência de “faroestes” japoneses, como o filme Os Sete Samurais (que inspirou as duas versões de Sete Homens e Um Destino) e o mangá Lobo Solitário. A narrativa também lembra séries como Samurai Jack ou mesmo Xena: A Princesa Guerreira, com aventuras semanais que podem ou não estar ligadas à trama principal da temporada.

A simplicidade da história é compensada pelas ótimas cenas de ação e pela carismática presença do popular Baby Yoda, personagem que é o centro gravitacional da trama. Seu carisma infantil contrasta com o jeito calado e durão do protagonista, resultando em interações que são o segredo do sucesso de The Mandalorian.

8. Yellowstone – 2ª Temporada

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A pegada novelesca de Yellowstone pode ser um pouco demais para muitos espectadores, mas os exageros são compensados por autênticos dramas humanos, envolventes sequências de ação e algumas das mais belas paisagens já vistas na TV. A trama, que é uma mistura de O Poderoso Chefão com O Rei do Gado, gira em torno dos esforços do fazendeiro John Dutton (Kevin Costner) para manter suas terras e preparar seus filhos para cuidar delas quando ele já não estiver vivo.

As ameaças vêm de fazendeiros rivais, incorporadoras imobiliárias, poder público e tribos indígenas. Apesar de (aparentemente) exagerar na quantidade de crimes e corrupção que os Dutton cometem, a série é bem sucedida em mostrar a natureza dos conflitos por terra nos Estados Unidos do Século XXI. Além disso, ela também mostra a natureza das pessoas envolvidas nesse mundo (indígenas, fazendeiros, vaqueiros, peões de rodeio, criadores de cavalos, etc.) e como elas se adaptam a esse século.

Co-criada pelo roteirista Taylor Sheridan, a história também joga luz sobre os dramas e a situação social da população indígena nos arredores da propriedade dos Dutton. Enquanto John Dutton tenta manter a fazenda que está há várias gerações em sua família, a população indígena o lembra que aquelas terras já eram ocupadas pelos nativos há vários milênios. Dutton encontra um rival à altura no Chefe Thomas Rainwater (Gil Birmingham), líder de uma reserva indígena vizinha de sua fazenda.

Longe dos grandes centros urbanos e da atenção da mídia, esses e outros homens se enfrentam nas remotas terras do estado de Montana, operando sempre sob as próprias regras e em uma das últimas fronteiras da civilização.

7. Stranger Things – 3ª Temporada

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A terceira temporada de Stranger Things tem um início lento e repetitivo, mas, uma vez que a ação engata, a narrativa deixa poucas oportunidades para o espectador respirar aliviado. A série mais uma vez faz uso dos recursos típicos de filmes e séries dos anos 1970 e 1980, fazendo da nostalgia um de seus principais atrativos. Mas isso não significaria muito sem personagens bem desenvolvidos e relacionamentos bem estabelecidos, o que a série tem de sobra.

Além disso, os oito episódios dessa temporada mais uma vez cobrem com sucesso os mais diversos gêneros cinematográficos, equilibrando satisfatoriamente drama, suspense, ficção científica, romance, comédia, terror, ação e aventura. Nesse sentido, talvez essa seja a mais completa das temporadas, incluindo também um sub-texto político com a presença de vilões soviéticos (o que também era uma característica da produção cultural norte-americana durante a Guerra Fria).

6. The Witcher – 1ª Temporada

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The Witcher pode não ser um substituto à altura para Game of Thrones, mas ela certamente tem seus próprios méritos. A série aborda menos intrigas políticas e mais elementos de fantasia ao longo dos seus oito episódios. Apesar das ótimas cenas de ação e da intrigante estrutura narrativa, o que a torna especial são as ousadas escolhas feitas pelos realizadores, seja na violência, no sexo ou em perturbadores rituais mostrados em alguns dos episódios, dando à coisa toda um aspecto imprevisível e pulp.

A série também é beneficiada pela presença de três protagonistas bem desenvolvidos, cujas histórias são introduzidas em diferentes linhas do tempo. Esse último detalhe só fica claro a partir do terceiro episódio, o que eleva o material e deixa o espectador curioso para saber quando eles vão finalmente se encontrar. Os únicos pontos fracos da narrativa são os desenvolvimentos que ocorrem fora da tela, que em alguns momentos pulam décadas e deixam as linhas do tempo desnecessariamente difíceis de se acompanhar.

Enquanto os elementos de fantasia têm um quê de O Senhor do Aneis, a ação lembra mais filmes como Solomon Kane: O Caçador de Demônios e Caça às Bruxas, com suas ambientações medievais, brutais e sombrias.

5. Legion – 3ª Temporada

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Quem não assistiu aos delírios da segunda temporada de Legion até o fim devido à narrativa lenta, errática e confusa acaba de ganhar motivos para retomar essa insana série sobre o mundo dos mutantes da Marvel. A terceira e última temporada é mais curta e focada do que a segunda, mas sem jamais perder a imprevisibilidade e a psicodelia características do material. O espectador pode continuar sem entender o que isso tudo significa ou mesmo as metáforas sobre saúde mental, mas pelo menos vai ter alguma certeza do que está acontecendo.

Leia o restante da análise aqui.

4. Mindhunter – 2ª Temporada

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Mindhunter segue mergulhando na psique dos três profissionais que deram início à Unidade de Ciência Comportamental (abreviada BSI em inglês) do FBI e como esse trabalho afeta as suas vidas. Apesar dos personagens serem essencialmente ficcionais, a série é baseada no livro Mindhunter: Inside the FBI’s Elite Serial Crime Unit, que foi escrito por um dos fundadores da BSI.

Dessa vez, a história é focada em problemas da vida pessoal do Agente Bill Tench (Holt McCallany) e da Dra. Wendy Carr (Anna Torv), enquanto o Agente Holden Ford (Jonathan Groff) acompanha o caso dos Assassinatos de Atlanta de 1979-1980. Além disso, eles seguem na rotina de entrevistar assassinos famosos, como Charles Manson e David Berkowitz, para enriquecer a base de conhecimento da Agência sobre criminosos seriais.

3. Undone – 1ª Temporada

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Depois de sofrer um acidente de carro, a jovem Alma (Rosa Salazar) começa a ter visões de seu falecido pai, Jacob (Bob Odenkirk), que a convoca para ajudá-lo a resolver um mistério do passado. Mas mesmo antes desse desenvolvimento, Undone já é capaz de comover o espectador com os dramas da vida de sua protagonista e com como ela se recusa a lidar com certas pendências emocionais da sua infância. Isso afeta seus relacionamentos com sua família e com seu namorado de formas com as quais é fácil muitos espectadores se identificarem.

As incertezas, os questionamentos existenciais, os problemas emocionais e os mecanismos de defesa que fazem parte da psique de Alma são comuns em muitos adultos, e é fantástico como Undone consegue representá-los de forma tão crua quanto sincera ao longo dos 8 episódios de 22 minutos. A história conduz o espectador por uma profunda jornada emocional e filosófica pelos diversos tipos de angustias que afetam os mais diferentes tipos de pessoas.

Criada por Kate Purdy e Raphael Bob-Waksberg (que também é o criador de Bojack Horseman, sobre a qual já escrevi anteriormente), a série usa um impressionante estilo de animação (que lembra os filmes Waking Life e O Homem Duplo) combinado com psicodélicos e estimulantes recursos visuais para representar uma jornada psicológica sobre fé, existência e saúde mental.

2. Inacreditável

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Baseada no premiado artigo An Unbelievable Story of Rape, a minissérie Inacreditável conta a história da investigação de uma série de estupros ocorridos nos Estados Unidos entre 2008 e 2011. A história segue duas linhas narrativas.

Na primeira, iniciada em 2008, acompanhamos a adolescente Marie Adler (Kaitlyn Dever, em uma atuação intensa e comovente) depois que ela sofre um estupro em sua própria casa e o reporta para a polícia. Porém, inconsistências em seu depoimento e seu histórico de abusos sofridos desde a infância levam os detetives responsáveis pelo caso a questionarem sua história, levando-a a cancelar a denúncia e piorando ainda mais o inferno que havia se tornado a sua vida.

Na outra frente narrativa, iniciada em 2011, as detetives Karen Duvall (Merritt Wever) e Grace Rasmussen (Toni Collette) unem forças quando percebem que os casos de estupro que estão investigando podem estar relacionados. Uma vez que o criminoso dificilmente deixa quaisquer evidências físicas para trás, elas precisam fazer tudo o que podem apenas com seu provável perfil psicológico.

Mais do que uma série investigativa, Inacreditável é um drama sobre como os crimes sexuais afetam as vidas de suas vítimas e como investigadores diferentes lidam de forma diferente com essa situação. No caso mostrado na série, o fato de que são duas mulheres sensíveis e determinadas que são responsáveis pela investigação faz toda a diferença, evidenciando o longo caminho que precisa ser percorrido até que esses tipos de crime sempre sejam tratados com o tato e a seriedade que merecem.

1. Watchmen (2019)

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Um dos aspectos mais impressionantes da série Watchmen (2019) é como, apesar de ser uma continuação não autorizada pelo criador Alan Moore, ela consegue reproduzir com relativa fidelidade a experiência de se ler a obra original, que é amplamente considerada a melhor graphic novel de todos os tempos. A intrigante e inovadora narrativa principal esconde camadas e mais camadas de easter eggs e teses que reforçam o questionamento que está no centro desse universo: quem vigia os vigilantes?

Enquanto The Boys tenta imaginar como a existência de super-heróis afetaria a nossa atual realidade, Watchmen explora as possibilidades abertas por uma História alternativa dos EUA, na qual desde os anos 1930 pessoas normais passaram a (ou tentaram) atuar como super-heróis. Além disso, o surgimento de um ser todo-poderoso em meados dos anos 1950 altera o equilíbrio de poder no planeta Terra, colocando uma quase divindade em meio aos humanos e à serviço de uma potência militar.

O universo de Watchmen não é sobre heróis e vilões, ou sobre o bem contra o mal. Tanto a série quanto a obra original tratam de pessoas que se enxergam como heróis, justiceiros ou salvadores da humanidade. Os conflitos aqui são entre lados com visões de mundo diferentes, cada um tentando atingir uma espécie de supremacia ideológica. Eles buscam poder absoluto não para derrotarem seus inimigos, mas sim para executarem suas visões sem serem questionados.

Watchmen é menos sobre heroísmo e mais sobre a natureza humana.

Leia mais sobre a série aqui.

E veja aqui As Melhores Séries do Primeiro Semestre de 2019.

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