Seitas Brasileiras: 8 Casos de Fanatismo Religioso

1. Canudos

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Na Canudos do final do século 19, o povo recebeu de braços abertos o pregador e autointitulado profeta e enviado de Deus Antônio Conselheiro. Sob seu comando, a população do vilarejo se organizou e conseguiu oferecer melhores condições de vida para sertanejos que sofriam sob a pobreza e sob o domínio de grandes latifundiários. Apesar de não haver evidências de planos de expansão, o Conselheiro pregava a volta da monarquia e acusava a república de ser um governo da “lei do cão”. Como outras seitas, ele pregava que o fim do mundo estava próximo e que uma restauração, influenciada pelo sebastianismo, iria ocorrer após esse apocalipse. A exaltação da monarquia foi a gota d’água para que parte da sociedade brasileira defendesse uma intervenção militar na região. A ação, que ficaria conhecida como Guerra de Canudos, resultaria na morte da maior parte dos 25 mil habitantes do povoado, que lutou até o último homem.

2. Contestado

Na região do Contestado, em Santa Catarina, os sertanejos já haviam encontrado orientação nos ensinamentos de dois monges João Maria, um que morreu em 1830 e outro que desapareceu em 1908. A fé era tanta que os fiéis esperavam que esse segundo fosse ressuscitar para liderá-los novamente. Para eles, a profecia se concretizou com o surgimento do monge José Maria de Santo Agostinho em 1911, que organizou os sertanejos e se rebelou contra uma grande desapropriação de terras promovida pelo governo, dando início à Guerra do Contestado. O monge, que também considerava a república uma “lei do diabo”, morreu ainda no início dos conflitos. Ele foi sepultado sob tábuas para facilitar sua volta após uma aguardada ressurreição, com a qual traria um “exército encantado”.

Os revoltosos tiveram então outros líderes, inclusive uma menina de onze anos que dizia ter sonhado com José Maria e uma de quinze que se tornou líder após afirmar que estava recebendo orientações espirituais do falecido monge. O movimento também envolveu uma declaração de guerra santa, a instituição de uma “monarquia celestial” e o estabelecimento de “cidades santas”. As derrotas finais ocorreram graças à superioridade estratégica do exército, que passou a evitar o confronto direto e a bloquear os canais de abastecimento dos revoltosos, levando muitos sertanejos a deixarem o conflito.

3. Aves de Jesus

Na Juazeiro do Norte (CE) de 1997, um grupo de fanáticos seguidores do Padre Cícero aguardava o fim do mundo. Também conhecidos como “penitentes” ou “borboletas azuis”, os membros do grupo renegavam os confortos da vida moderna e abandonavam completamente suas vidas passadas. Ao entrar na seita, todos os homens passavam a se chamar “José Aves de Jesus”, enquanto as mulheres adotavam o nome “Maria Aves de Jesus”. Por volta de 2010, o grupo estava em extinção, já que os seguidores mais jovens não se adaptavam ao modo de vida, que incluía a ausência de “confortos” como água encanada e eletricidade.

4. Cultura Racional

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A seita da Cultura Racional se tornou conhecida depois que o cantor Tim Maia se tornou um de seus membros e lançou dois álbuns influenciados por ela. O guru Manuel Jacinto Coelho misturou espiritismo, cosmologia e teologia para criar uma mitologia que envolvia OVNIs e alienígenas que haviam criado a humanidade. Depois de ter seu estilo de vida completamente alterado e de compartilhar tudo o que possuía com a nova religião, o cantor se removeu do grupo em grande estilo:

Voltou para o apartamento da Figueiredo Magalhães, tirou e queimou a roupa branca e, nu e furioso, foi para a janela e começou a gritar para a rua, em volume máximo, que seu Manoel Jacintho era um pilantra, um ladrão e um tarado que comia todo mundo. E convocou a imprensa para dizer que tinha sido enganado e roubado pelo ex-guru.

5. João de Deus

Uma das ações que mais se repetem dentre os líderes de seitas é aproveitar a influência que possuem sobre os seguidores para obter vantagens financeiras e sexuais. Foi assim que o guru João de Deus caiu de seu “reinado”, acusado de abusos sexuais e outros crimes por ex-seguidoras e pelo ministério público. De pessoas extremamente simples a celebridades dos Estados Unidos, o guru foi seguido ou consultado por muitos “fiéis” desde o final da década de 1970. Como em outros casos, ele se aproveitou do desespero de pessoas que estavam dispostas a acreditar em qualquer coisa que prometesse resolver seus problemas.

6. Igreja Remanescente de Laodiceia

A Igreja Remanescente de Laodiceia chegou aos noticiários nacionais e internacionais depois que uma adolescente de 18 anos foi resgatada de uma situação de cárcere privado. As investigações posteriores revelaram que muitos fiéis viviam em condições análogas à escravidão na chácara dos líderes espirituais. Porém, eles não acreditavam que estavam sendo escravizados, mas sim cumprindo um “propósito divino” no caminho para a salvação. Enquanto os fiéis moravam em ônibus e casas improvisadas, os líderes desfrutavam de residências amplas e confortáveis.

7. Ministério Evangélico Comunidade Rhema

O Ministério Evangélico Comunidade Rhema é uma filial brasileira da seita Word of Faith Fellowship, sediada nos EUA, e também foi acusado de explorar o trabalho dos fiéis. Tanto nos EUA quanto no Brasil, a igreja foi acusada de realizar punições físicas contra os seguidores e de proibir os membros de entrar em contato com suas famílias, além da prática de lavagem cerebral. As duras regras às quais os fiéis eram submetidos, como a proibição de ver TV e de acessar redes sociais, são típicas de seitas, que precisam controlar todas as informações às quais os seguidores têm acesso para evitar que eles comecem a questionar as práticas e doutrinas do grupo.

8. Igreja Cristã Traduzindo o Verbo

Antes de ser investigada por trabalho escravo em 2018, a Igreja Cristã Traduzindo o Verbo já havia sido alvo de operações da Polícia Federal em 2013 e em 2015, mas jamais cessou as práticas investigadas. O domínio da igreja sobre os fiéis era tão forte que, além de não se considerarem “escravos”, os trabalhadores se recusavam a serem resgatados pelas operações. Provavelmente, muitos deles seguem servindo como mão-de-obra não-remunerada em fábricas, restaurantes e fazendas do grupo econômico responsável pela igreja.

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