Crítica: Invasão Zumbi 2

Train to Busan 2 (Peninsula), Coreia do Sul, 2020



Invasão Zumbi 2 está longe de ter o impacto emocional do filme original, mas se garante como veículo de ação

★★★☆☆


Se o primeiro Invasão Zumbi (crítica aqui) foi capaz de fazer a audiência odiar alguns personagens e se emocionar por outros, a continuação Invasão Zumbi 2 está mais preocupada em oferecer ação alucinante. O filme até consegue atingir essa meta, mas com várias ressalvas e dependendo da boa vontade do público. Nos momentos finais, há uma boa tentativa de se reproduzir o impacto emocional do primeiro, mas naquele ponto o espectador já está mais interessado em uma conclusão concisa.

A narrativa se move de forma rápida e habilidosa, sem se demorar mais do que o necessário nas cenas introdutórias. Um momento que poderia ter sido melhor explorado é a contaminação zumbi à bordo de um navio de refugiados, ainda contemporânea aos eventos do primeiro filme. Esse ataque serve apenas para incluir a fuga da Coreia do Sul e o trauma compartilhado de Jung Seok (Dong-Won Gang) e Chul-min (Do-Yoon Kim), dois homens da mesma família que, nessa continuação, seriam enviados de volta para a península coreana quatro anos depois do surgimento do vírus.

A missão sai completamente do planejado e os dois ficam isolados com diferentes grupos de sobreviventes. Enquanto Jung Seok é acolhido pela família de Min Jung (Jung-hyun Lee), Chul-min é capturado por um grupo de soldados ensandecidos que o utilizam como “gladiador” em um jogo de sobrevivência. Desesperados, eles precisam dar um jeito de chegar no porto da cidade de Incheon depois que tiverem recuperado a carga que foram buscar.

Enquanto o primeiro filme inovou ao colocar os zumbis à bordo dos espaços apertados de um trem de passageiros, Invasão Zumbi 2 foca em um tipo de ação mais convencional, com os zumbis soltos pelas ruas da cidade. A novidade aqui é que a principal arma utilizada contra eles são os automóveis reforçados dos sobreviventes. Hordas e hordas de zumbis são atropeladas de formas razoavelmente criativas, mas o impacto desses momentos é diminuído pelo uso excessivo de CGI, deixando a física dos veículos e a iluminação das cenas bem inconvincentes.

O problema do CGI é que quanto mais ele é utilizado menor será a sua qualidade, já que os animadores terão menos tempo para se preocupar com os detalhes de cada cena (a não ser que o estúdio esteja disposto a dar todo o tempo necessário e desembolsar uma grande quantidade de dinheiro). Em vários momentos de Invasão Zumbi 2, as texturas dos carros e dos cenários, junto com a iluminação deles, perdem o tom realista e causam a impressão de que o filme inteiro é uma animação 3D. Essa pode ser uma grande fonte de distração para os espectadores.

Em filmes como Mad Max: Estrada da Fúria e Sicário: Dia do Soldado os cineastas fazem bastante uso de CGI, mas combinam perfeitamente o uso de cenários reais e de efeitos visuais. É apenas quando vemos vídeos como esse e esse que é possível entender que mesmo filmes que parecem tão realistas possuem bastante conteúdo gerado em computador. A diferença é que Hollywood possui dinheiro o suficiente tanto para filmar as cenas em locações quanto para pagar inúmeras horas dos desenvolvedores de efeitos visuais.

Invasão Zumbi 2 se inspira em Estrada da Fúria em uma grande perseguição no final, que até é bem idealizada mas cuja execução deixa a desejar devido aos problemas mencionados anteriormente. Ainda assim, o filme oferece uma boa dose de adrenalina para quem não estiver esperando nada muito mais elaborado que isso. Apesar de não fazer muito em termos de desenvolvimento de personagens (especialmente, dos antagonistas), o roteiro é bom o suficiente para transportá-los de uma sequência de ação para outra sem ofender a inteligência do espectador.

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