Crítica: Army of the Dead – Invasão em Las Vegas

Army of the Dead, EUA, 2021



Filme combina uma invasão zumbi com as megaproduções de ação dos anos 1990

★★★★☆


Com Army of the Dead: Invasão em Las Vegas, o diretor Zack Snyder mais uma vez deixa claro que ele não acredita no ditado “menos é mais”. O que ele apresenta aqui é um típico “filmaço de ação” nos moldes das megaproduções hollywoodianas dos anos 1990. Todos os clichês e outras previsibilidades estão presentes sem maiores sutilezas, e ainda assim a produção é muito bem-sucedida em entreter o espectador ao longo das exageradas duas horas e meia de duração.

A produção é levemente elevada pela refinada cinematografia do próprio Snyder, mas a trama central e a ação estão muito mais para o trash do que para as pretensões épicas e dramáticas que o diretor tentou atingir no DCEU. Seu trabalho também se destaca em montagens que servem para explicar parte do passado dos personagens e a origem dos zumbis que tomaram conta da cidade de Las Vegas. Quando o protagonista Scott (Dave Bautista) finalmente monta a equipe que vai invadir a cidade para roubar o cofre de um dos cassinos locais, já se tem uma básica ideia de quem eles são e das coisas pelas quais eles passaram durante a crise que resultou no isolamento da cidade.

A dinâmica da equipe funciona bem o suficiente para manter o espectador entretido nos momentos mais calmos e para fazê-lo se importar com o destino de cada um dos personagens. Outro elemento que funciona muito bem é a mitologia acerca dos zumbis, que não são motivados apenas pela fome de carne humana. As hordas de mortos-vivos que tomam conta da cidade possuem um líder cheio de propósito, que se torna um antagonista de qualidade para manter a história seguindo adiante e para garantir um grande clímax.

O drama pessoal do traumatizado protagonista se manifesta por meio de seu conturbado relacionamento com a filha, Kate (Ella Purnell), e só é convincente devido à ótima atuação de Bautista. Esse lado dramático se desenvolve da forma mais previsível possível e não apresenta grandes surpresas, sendo apenas mais um elemento obrigatório na fórmula dos grandes filmes de ação. Toda essa previsibilidade é perfeitamente aceitável, já que sutileza e sensibilidade não estão dentre os ingredientes do prato principal dessa refeição.

O sul-coreano Invasão Zumbi 2 (crítica aqui) tentou inovar nesse sentido, mas não chegou nem perto do impacto emocional do primeiro Invasão Zumbi (crítica aqui). Felizmente, Army of the Dead acerta em todos os aspectos nos quais a continuação sul-coreana errou, equilibrando melhor o pouco drama e focando realmente na ação, além de caprichar nos efeitos especiais (que incluem um tigre zumbi e uma personagem adicionada depois que o filme já havia sido filmado). O filme de Snyder também se destaca por não se levar a sério demais, evitando erros que o diretor já cometeu no passado e lembrando filmes antigos que se tornaram cult, como Um Drink no Inferno e Cães de Caça.

Para quem já está cansado dos clichês do gênero, pode ser uma experiência entendiante passar pela longa duração de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas. Porém, quem estiver interessado em tiros, piadinhas e explosões à moda antiga, o filme é um ótimo veículo de entretenimento do tipo pouco cérebro e muita ação, além de contar com uma nostálgica trilha sonora.

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