Top 10 2013 – 5° lugar: Incêndios


Contém SPOILERS. Eu acho.

5. Incêndios (2010)

A tragédia acaba tomando conta desse filme. Não sou fã de melodramas ou, mais simplesmente, de filmes que são feitos para fazer a audiência chorar. Se for para assistir uma tragédia, que seja uma do Almodóvar, com seu humor negro e fortes elementos de suspense. Almodóvar pega pesado e fica a sensação de que as situações que ele cria são um tanto forçadas, improváveis de ocorrerem na vida real, mesmo sabendo que a vida real pode ser ainda mais chocante do que a mais perturbada das imaginações.

Incêndios, do então desconhecido Denis Villeneuve, possui a tragédia exagerada a la Almodóvar, com algo de seu suspense e nem um pouco de seu humor. Mas não é por causa da tragédia que esse filme se encontra nessa posição, mas sim devido à forma como o drama das personagens é apresentado. A história triste e densa vai sendo apresentada a conta gotas, em uma narrativa envolvente e fantasticamente bem elaborada, que consegue o tempo todo manter o telespectador em suspense sobre o que acontecerá a seguir. Destaque para o uso cirurgicamente preciso de canções do Radiohead em alguns dos momentos mais melancólicos da trama, o que também poderia ficar forçado nas mãos de um diretor descuidado, mas que se encaixam perfeitamente aqui.

Enquanto a tragédia de Almodóvar gira em torno de personagens e situações mais urbanas, o pano de fundo de Incêndios é uma zona de conflito sectário no Oriente Médio, e é aqui que essa tragédia cumpre um papel mais interessante. O exagero dela não tem como objetivo simplesmente chocar, mas sim exemplificar até ponto um conflito violento e irracional pode destruir laços familiares e perpetuar um ciclo de ódio que aparentemente não tem fim. Pessoas que estavam apenas tentando reencontrar entes queridos acabam tendo suas vidas transformadas por um ódio que vai crescendo nelas ao longo do caminho, e a tragédia do reencontro em lados opostos do conflito é uma das piores possíveis.

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