Crítica: Sala Verde

Green Room, EUA, 2015



Terror é tenso e cruel, mas sem abandonar a inteligência e o humor

★★★☆☆


Em Sala Verde, após presenciar um assassinato, uma banda de punk rock fica encurralada em uma sala de bastidores de um bar neonazista. A única coisa que eles tem a seu favor é o fato de que os criminosos querem deixar uma história convincente depois de matá-los, para não atrair uma grande investigação policial.

Anton Yelchin and the complete castNos 15 primeiros minutos de filme, temos uma básica introdução: os largados punk rockers viajaram para fazer uma apresentação e apenas quando chegam no local ficam sabendo que foi cancelada. Sem grana suficiente pra gasolina da viajem de volta, eles conseguem uma apresentação no mencionado bar. Amigáveis, eles começam o show com um cover dos Dead Kennedys: Nazi Punks Fuck Off.

Mas é depois do show, quando um deles presencia um assassinato, que o filme começa a engatar. Nem eles e nem os criminosos sabem exatamente o que fazer, e a banda acaba presa na sala de bastidores (“sala verde”, green room em inglês) até os criminosos pensarem em algo. O líder do grupo neonazista (interpretado por Patrick Stewart) chega e cria o plano e a história de cobertura para matá-los. Depois do primeiro ataque, que só ocorre lá pela metade do filme, os membros da banda percebem que os criminosos não pretendem deixá-los sair dali vivos.

O nível de tensão sobe rapidamente, afinal a banda está trancada e incomunicável em uma sala sem janelas e com uma única porta, atrás da qual existe um grupo de neonazistas sanguinários querendo matá-los. A violência é explícita e altamente gráfica, e o diretor não é piedoso com nenhum dos personagens, usando armas de fogo, facas, porretes e pitbulls para fazer o estrago. Ao longo do filme, eles fazem várias tentativas de saída, todas com consequências tão imprevisíveis quanto violentas.

Essa imprevisibilidade é uma ótima qualidade da produção, que escapa de clichês e entrega um conteúdo razoavelmente original. Apesar da curta duração, a narrativa ainda encontra alguns momentos para ser autenticamente humana ou destilar algum humor negro. Não é um “filme de susto”, e o terror provém da situação e da violência da qual são vítimas. Além disso, uma vez que a “ação” começa, o diretor não deixa o ritmo cair e nem perde o tempo com longos diálogos, mantendo-os simples, eficazes e quase sempre engraçados.

greenroom2O protagonista e líder da banda é interpretado pelo falecido Anton Yelchin, que caiu como luva no papel. A caracterização dos neonazistas, em sua maioria de cabeça raspada e com coturnos que indicam o nível deles no grupo, por si só funciona como fator intimidador, o que os torna os “monstros” do filme. Já a mera presença de Patrick Stewart como o líder calmo e cerebral dos neonazistas já é intimidadora o suficiente.

O filme fez sucesso lá fora, inclusive com um status meio cult, mas ainda não tem data de estreia no Brasil. Provavelmente, vai direto pra DVD, o que é uma pena, pois faria ótima companhia nos cinemas aos ótimos Quando as Luzes se Apagam e O Homem nas Trevas.

Siga ou compartilhe: