Crítica: The Mandalorian – 2ª Temporada

The Mandalorian – Season 2, EUA, 2020



Segunda temporada aposta na nostalgia enquanto expande o universo compartilhado

★★★☆☆


Se na primeira temporada The Mandalorian se manteve fiel ao estilo dos clássicos faroestes espaguete, na segunda a série se aproxima mais de uma típica aventura do universo de Star Wars. Depois de um início mais lento e sem foco, os episódios ficam mais empolgantes com as aparições de vários personagens conhecidos da franquia, seja dos filmes originais ou das séries animadas lançadas posteriormente. Além disso, várias batalhas de sabre de luz ajudam a narrativa a se apoiar no fator nostalgia.

E o fator nostalgia foi o que realmente evitou que essa temporada fosse completamente esquecível. Entretanto, a dependência desse fator também é um pouco decepcionante. Quando foi lançada, a série prometia contar uma história completamente diferente das convencionais tramas de Star Wars. Porém, na segunda temporada, ela acaba convergindo para o mesmo padrão de batalhas espaciais e lutas de sabre de luz. Isso sinaliza que há cada vez menos espaço para inovação nessa franquia, tanto por parte dos executivos da Disney quanto por parte do público.

Quando Rian Johnson tentou inovar ousadamente em Star Wars: Os Últimos Jedi (crítica aqui), parte dos fãs rejeitou completamente as novidades inseridas pelo diretor, como colocar em xeque o “sagrado” heroísmo de Luke Skywalker (Mark Hammil). A resposta do estúdio veio com Star Wars: A Ascensão Skywalker, um filme que parece ter sido escrito por uma inteligência artificial desprovida de emoção e programada para agradar aos fãs mais radicais, ressuscitando personagens clássicos e materializando os desenvolvimentos mais previsíveis possíveis.

O que a Disney vai aprender com a controvérsia de Os Últimos Jedi, o fracasso de A Ascensão Skywalker e o sucesso de The Mandalorian é que, em última instância, o público quer apenas mais do mesmo, mas feito de forma cuidadosa. Apesar da franquia ter um universo repleto de possibilidades, os fãs preferem que as histórias continuem girando em torno de alguns poucos personagens (ou novas versões deles) da trilogia original, sempre na esperança de reproduzir a experiência que foi assistir àqueles filmes pela primeira vez.

Dessa forma, sempre deve haver um grupo de rebeldes (formado por Jedis, pilotos de combate e combatentes de guerrilha) e um império maligno (que já havia sido derrotado em Star Wars: O Retorno de Jedi, mas que continua existindo em The Mandalorian e volta na forma da Primeira Ordem na nova trilogia). Essa é uma abordagem que exige muito pouco da imaginação e que se encaixa perfeitamente nos interesses dos executivos da Disney, que não vão precisar correr riscos para continuar faturando com base na franquia.

Nada disso muda o fato de que é um grande prazer ver Ahsoka Tano (Rosario Dawson) em longas batalhas de sabre de luz e o glorioso (e violento) retorno de Boba Fett (Temuera Morrison), que provavelmente será “o mandaloriano” da terceira temporada da série. O atual protagonista, Din Djarin (Pedro Pascal), quase se tornou um coadjuvante a partir do momento que Bo Katan (Katee Sackhoff) apareceu no terceiro episódio e deixou claro que haveria ainda mais surpresas. A principal delas ocorre nos últimos momentos do episódio final, e foi tão boa quanto a aparição de Darth Vader no final de Rogue One: Uma História Star Wars (crítica aqui).

Enquanto o protagonista tenta cumprir a missão de entregar o Bebê Yoda para um Jedi que esteja disposto a treiná-lo, a segunda temporada de The Mandalorian serve como uma grande plataforma de lançamento para outras séries da franquia, como Ahsoka e Rangers of the New Republic. Isso vai expandindo o universo compartilhado, ainda que não se saiba exatamente em quais direções. O mais importante é que os roteiros, tanto da série atual quanto dos futuros lançamentos, passem a oferecer algo com mais substância do que aventuras passageiras e atrações nostálgicas.

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