Crítica: O Teorema Zero

The Zero Theorem, Romênia/EUA/Reino Unido, 2013



Sátira dos nossos tempos utiliza simbolismos e metáforas demais para dizer muito pouco

★★☆☆☆


Tenho certeza que se você sentar em um bar com o diretor Terry Gillian e lhe perguntar sobre o que é O Teorema Zero, vocês terão uma conversa muito interessante e ficará claro o que o diretor quis representar com cada metáfora utilizada. Infelizmente, o mesmo não acontece quando você apenas assiste o filme.

Christoph Waltz interpreta Qohen Leth, um programador recluso e anti-social em um futuro que reflete satiricamente a nossa realidade atual. Ele trabalha incansavelmente processando “entidades ontológicas” que ele não sabe e nem quer saber para que servem. Sua principal preocupação é estar em casa para receber uma suposta ligação telefônica que lhe explicará qual o sentido da vida. Em seu esforço para ficar em casa o maior tempo possível, ele consegue uma conversa com O Gerente (Matt Damon), solicitando que esse permita sua alocação em regime de home office. O Gerente não apenas lhe concede esse desejo, mas também lhe dá uma nova tarefa: provar o misterioso Teorema Zero. O filme então se arrasta ao longo de sua agonia para provar o Teorema, enquanto O Gerente manipula ele e outras pessoas ao seu redor para garantir que esse objetivo seja atingido.

Gillian utiliza aqui uma estética semelhante à seu aclamado Brazil, O Filme, mas para ela funcionar é preciso que venha acompanhada de um humor afinado e muito significado implícito. Porém, com as muito piadas sem graça aqui presentes e a atuação um tanto exagerada de Waltz, em alguns momentos você acaba ficando com a sensação de que está assistindo uma mistura de Castelo Rá-Tim-Bum com Zorra Total, com piadas sexistas e tudo. O tratamento das personagens femininas é raso e caricato. Enquanto em alguns momentos elas servem para passar uma mensagem de ternura e amor, em outros são apenas objetificadas como um dos “prazeres” da vida, ou para fazer piadas com homens babando enquanto olham para decotes. No mais, quando descobrimos do que se trata o Teorema (provar que o universo existe em vão) e qual a motivação d’O Gerente, temos aí uma crítica quase refinada do “sistema”, mas aí você já está cansado demais pra se importar com isso.

Não é que a mensagem principal não consiga ser passada corretamente, mas quando isso acontece é da forma mais simples possível, com uma personagem a explicando em voz alta. Concluir assim seria bem menos problemático se o decorrer do filme tivesse sido muito mais divertido e as muitas metáforas mais significativas. A mensagem principal, com a qual concordo, seria algo como: se você gastar sua vida procurando um significado para ela, acabará deixando de viver e de aproveitar o que a vida em si tem para te oferecer. Independente de você concordar ou não, acho que não faz muito sentido assistir esse filme.

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